Título

Experiência lúdico-pedagógica e a construção de significados: atuação da psicologia e da pedagogia hospitalar na área da oncologia pediátrica

Resumo

Introdução: Embora o câncer seja considerado uma doença rara em crianças, ele corresponde a um significativo índice de mortalidade infantil, caracterizando-se como um problema de saúde pública no país. No adulto, o surgimento do câncer pode estar associado claramente a fatores ambientais, já na criança não se observa claramente essa associação, e muitas vezes a doença é ‘silenciosa’, e os sinais e sintomas só aparecem quando a mesma já está em estágio avançado. Abordar a questão de uma doença crônica na vida de uma criança e/ou adolescente, é faze-la compreender que mudanças na sua vida ocorrerão. Ela vivenciará um tratamento clínico longo, com períodos de internações hospitalares, procedimentos invasivos, realização de exames, cirurgias, e que por vezes poderão ser exaustivos e dolorosos. Assim, o ambiente hospitalar pode ser entendido como um fator estressante na vida da criança e/ou adolescente, bem como aos seus pais, pois pode gerar angustia, medo e incertezas em relação ao futuro.
Objetivos: Neste sentido, este estudo visa apresentar práticas desenvolvidas aos pacientes oncológicos pediátricos internados na ala infantil de um Hospital Geral do Vale do Itajaí/SC. A psicologia e a pedagogia hospitalar realizam atividades em paralelo, sendo um de seus objetivos proporcionar um espaço que garanta a inclusão, socialização e aprendizagem através de intervenções produtivas e sistematização do conteúdo escolar e de atividades lúdicas, onde as crianças e/ou adolescentes possam expressar seus sentimentos e emoções.
Metodologia: Os atendimentos psicológicos e pedagógicos possibilitam a realização de atividades através de instrumentos de domínio e conhecimento da criança e do adolescente como brinquedos, materiais escolares e por meio desses a construção de significados, como as experiências com mosaicos e diário das emoções.
Resultados: A experiência com a construção do mosaico e o diário das emoções é desenvolvida com crianças e adolescentes na faixa etária entre 9 e 15 anos. Evidencia-se a expressão de sentimentos nas imagens construídas pelos pacientes, além da possibilidade de associar a temáticas como a importância do tratamento, o significado do ambiente hospitalar à vida da criança, o cuidado desempenhado pelos profissionais da equipe e a possibilidade de desmistificar suas dúvidas através do desenvolvimento da escrita.
Discussões: A criança e/ou adolescente ao ser hospitalizado é retirado de forma brusca de sua rotina. A pausa nas atividades escolares, estar longe dos colegas da escola, de casa e das atividades diárias, faz com que haja a necessidade de uma adaptação. Durante a trajetória de tratamento, a presença de uma equipe multidisciplinar envolvida afetivamente com o paciente e seus familiares, além de ter um conhecimento e habilidades técnico-instrumentais permite a troca de informações e uma atuação profissional mais adequada.
Considerações finais: Com esta prática pode-se evidenciar o quanto a atuação multiprofissional auxilia na construção de novos significados ao momento vivido, além de proporcionar uma melhor adesão ao tratamento oncológico. Respeitar o ritmo de aprendizagem, flexibilizar e adaptar o conteúdo às possibilidades das crianças e adolescentes hospitalizados é reconhecer que o processo de desenvolvimento em seus diversos aspectos (biopsicosocial) não é interrompido mediante a necessidade do tratamento.

Referências Bibliográficas

NEME, C.M.B. Psico-oncologia: caminhos e perspectivas. São Paulo: Summus, 2010.
VEIT, M.T.; BARROS, L.H.C. Intervenções e, Psico-oncologia em instituições. Temas em Psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008.