11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Atuação do psicólogo em casos de malformações fetais incompatíveis com a vida extra-uterina

Resumo

Introdução: Ter um filho é um sonho e desejo de muitas mulheres, homens e casais. O futuro bebê é visto como uma continuação da própria existência e carrega, ainda no ventre materno, vários sonhos, planos e expectativas advindas de seus pais, irmãos e familiares. Hoje, com o grande avanço tecnológico e médico, é possível ainda no período gestacional diagnosticar patologias e anomalias que podem transformar o sonho dos pais em um terrível pesadelo. É o caso de algumas malformações fetais, como a anencefalia, por exemplo, que torna inviável a vida extra-uterina, despertando nos pais intensa tristeza, dor e sofrimento emocional. A partir do ano de 1990, por iniciativa do Conselho Federal de Medicina, surgiu uma proposta de reformulação do Código Penal Brasileiro visando a descriminalização do aborto em casos de más-formações fetais incompatíveis com a vida. Objetivo: Relatar a atuação profissional do Psicólogo Hospitalar, junto a equipe multiprofissional frente a casos de gestações com fetos inviáveis. Método: Os atendimentos psicológicos são realizados no ambulatório de Medicina Fetal do Hospital da Mulher Profº Dr. José Aristodemo Pinotti (CAISM/UNICAMP), por psicólogas e psicólogos aprimorandos, seguindo os princípios da psicoterapia breve, com a gestante e/ou casal sempre que possível. Também são realizados atendimentos nas Enfermarias do hospital, quando as pacientes se encontram internadas. Resultados e discussão: Interromper uma gestação e perder um filho pode ser uma vivência de muita dor para a mulher e todos os familiares. Cabe ao casal a decisão de seguir ou não com a gestação e para que consigam tomar uma decisão consciente, é fundamental que recebam do médico todas as informações sobre o diagnóstico e o prognóstico fetal, além de informações sobre o processo e procedimentos a que serão submetidos, de forma clara e constante. Da mesma forma, o apoio e o acolhimento de toda equipe multiprofissional envolvida nesse difícil processo também se faz fundamental, pois receber a notícia de má-formação fetal pode gerar na mulher, no parceiro e nos familiares, intensos sentimentos de culpa e tristeza, acompanhados de raiva, ansiedade e depressão. Nesse momento, o atendimento psicológico visa a minimização do sofrimento emocional dos pais, por meio da escuta e acolhimento da dor e das fantasias vivenciadas, preparando-os para enfrentar e suportar a fatalidade ocorrida e a decisão tomada. É indicado que o psicólogo e toda a equipe favoreçam e incentivem a despedida e o contato pessoal com o filho após o parto. Fornecer um espaço para que a família pense e planeje o destino dos móveis do quarto e do enxoval, quando esses já existirem, também é indicado. Tais intervenções são propostas sempre respeitando o momento e os limites de cada um; uma vez que a vivência do luto é singular, com tempos diferentes de elaboração e ressignificação. Conclusões: Tais atitudes e posturas profissionais facilitam na elaboração do processo de luto dos pais, tornando a dor da perda real e aos poucos suportável, diminuindo os riscos para o desenvolvimento futuro de transtornos psiquiátricos e luto patológico.

Referências Bibliográficas

Carvalho, F. H. C In Bortoletti, F. F. et al (2007). Interrupção de gestações com fetos inviáveis. Psicologia na Prática Obstétrica: abordagem interdisciplinar. Barueria: manole, 2007.


Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Instituições

Universidade Estadual de Campinas - São Paulo - Brasil

Autores

Ananda Agnes de Souza, Liliane Genain Zapparoli, Grazielli Terassi, Laise Potério dos Santos, Alyne Fernanda Siqueira da Silva