Atuação do psicólogo em Instituição de Longa Permanência para Idosos
Introdução: O envelhecimento populacional é um fenômeno confirmado a cada ano. O cuidado ao idoso tem se tornado uma demanda emergente para as famílias, para a sociedade e também para o Estado. Considerando que o suporte social do idoso, muitas vezes é ausente ou ineficiente, torna-se urgente a criação de dispositivos que prestem-lhe assistência adequada. Nesse contexto, as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) surgem como uma alternativa. Em algumas situações é prevista a participação do psicólogo nas equipes de assistência. Ressalta-se que grande parte desses idosos está ou virá a estar com a saúde debilitada e portanto candidatos aos Cuidados Paliativos (CP). Contudo, embora trate-se de um novo campo de atuação para a psicologia, é uma área de conhecimento ainda incipiente em que são escassos os estudos ou mesmo relatos de experiência.
Objetivo: Analisar a experiência de psicólogas residentes quanto a implementação da assistência psicológica numa ILPI.
Método: Relato de experiência de psicólogas residentes inseridas numa ILPI filantrópica de São Paulo entre junho/2016 e fevereiro/2017. A análise deu-se a partir do mapeamento institucional, criação e validação de instrumentos de avaliação, planilhas, prontuários e atendimentos psicológicos.
Resultados/discussão: A referida instituição conta com 70 idosos, 41 do sexo feminino e 29 do sexo masculino, com idade média de 80a. A média de permanência na instituição é de 8a, variando de 11m a 43a. Inicialmente foi realizado o reconhecimento do espaço institucional e alguns casos foram encaminhados para atendimento clínico por parte da equipe fixa. Foram realizados 64 atendimentos, sendo avaliados 23 idosos, 13 foram avaliados pontualmente e 10 receberam assistência psicológica sistemática. Em alguns casos de acompanhamento sistemático os idosos atendiam critérios de indicação para CP, aspecto cuidadosamente considerado durante os atendimentos. Com o objetivo de traduzir o conteúdo das avaliações e acompanhamentos foi desenvolvido um formulário de avaliação psicológica para ser anexado no prontuário. O referido instrumento apresentava as seguintes informações: 1. Identificação (dados pessoais e biográficos); 2. Dados sócio familiares (avaliação da rede de apoio e vínculos sociais); 3. Aspectos emocionais (descrição sobre o funcionamento psíquico); Parecer psicológico (relato da história de vida articulada com a interação do idoso na instituição e apontamento sobre a indicação de acompanhamento psicológico). Além disso, com o objetivo de potencializar a interação social entre os idosos foi elaborado um projeto de intervenção grupal a ser coordenado pelos futuros psicólogos residentes. Foi observado ainda a dificuldade por parte da equipe e de alguns idosos em entrar em contato com a morte, ao longo do estágio alguns idosos faleceram e o tema era velado por todos, sendo esta uma demanda a ser suprida pelos novos residentes.
Considerações finais: A falta de um psicólogo, na equipe fixa, trouxe inquietações para as psicólogas residentes que inauguravam um espaço de trabalho ainda não sistematizado. Tais inquietações serviram como mola propulsora do início de um trabalho de grande importância, que supriu e reconheceu demandas, o que vai ao encontro com o que é preconizado no conceito de Cuidados Paliativos, a visão de um sujeito de forma integral.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.6 Processo de Envelhecimento e Saúde
Dhiene Santana Araújo Oliveira, Talita de Almeida Moreira, Karen Pereira Bisconcini