11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A atenção à criança no contexto hospitalar - reflexões e possibilidades para uma clínica psicanalítica no hospital

Resumo

Desde que entrou nos hospitais brasileiros, a psicologia vem descobrindo e delimitando seus campos de atuação. A partir de sua práxis, produz-se conhecimento e técnicas que orientam o seu exercício, sem, entretanto, esgotar ou encerrar as questões que dela surgem, na descoberta de qual deve ser a função do psicólogo no hospital. Ainda, a especificidade do trabalho com crianças merece atenção na avaliação quanto ao manejo do tratamento e os processos de hospitalização. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre as possibilidades de um trabalho clínico da psicologia orientado pela psicanálise com crianças hospitalizadas e seus familiares. Para isso, foram identificadas e analisadas as questões que emergem da prática clínica no hospital, a partir da experiência na assistência psicológica ofertada a crianças em unidade de internação geral em um hospital exclusivamente pediátrico. Tal assistência envolveu o atendimento de pacientes e acompanhantes, observação de interação entre criança e familiares e interconsultas com outros profissionais. Analisou-se que se propor a fazer clínica dentro de uma instituição cujo objetivo principal não é psicoterapia ou a saúde mental põe em jogo fatores menos evidentes em contextos mais tradicionais. Dentre esses fatores, destacaram-se as demandas conflituosas entre equipe, familiares e paciente; o condicionamento do tempo de tratamento à alta hospitalar, no lugar do tempo do paciente; e a dificuldade de estabelecimento e manejo do vínculo em atendimentos cujo sigilo assegurado é apenas aquele permitido pela enfermaria compartilhada. Ainda, ao passar pela hospitalização, observou-se que a criança pode experimentar um processo que a destitui de uma posição ativa de sujeito, em que é um outro, seja na figura da instituição, da equipe de saúde, ou dos pais, que escolhe e que fala por ela. Conclui-se que, ao se fazer uma escolha clínica da psicanálise, escolhe-se não somente um referencial teórico, mas há uma ética da qual não se pode renunciar, um posicionamento que se decide adotar. Assim, um trabalho balizado na psicanálise, deve, ao mesmo tempo, não se fixar em uma rigidez técnica que adapte de forma mecânica questões colocadas pela prática, mas também não abrir mão de suas concepções de psiquismo e subjetividade, fundamento para a condução que se dará ao tratamento. O papel do psicólogo nessa abordagem, portanto, passa por escutar as demandas diversas, organizar seu trabalho de acordo com a realidade institucional e, principalmente, fornecer uma escuta que reconheça na criança um sujeito que deseja, escolhe, e está implicado em seu próprio adoecimento e recuperação.

Referências Bibliográficas

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.1 Atenção Integral à Criança e ao Adolescente no Contexto de Saúde e Doença

Instituições

Hospital Pequeno Príncipe - Paraná - Brasil

Autores

Laressa Krefer