11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS PSICOSSOMÁTICOS E DEPRESSÃO, ANSIEDADE E DESESPERANÇA

Resumo


Introdução: Segundo Dejours (1986) as repercussões do trabalho sobre a saúde do trabalhador são originadas tanto das condições de trabalho (físicas, químicas e biológicas) refletindo sobre o físico do trabalhador, como da organização do trabalho, que dizem respeito à divisão técnica e social do trabalho. Explicita ainda que no contexto de trabalho podem ocorrer vivências de prazer ou sofrimento, expressas por meio de sintomas específicos relacionados ao contexto sócio profissional e intrinsicamente ligado à estrutura de personalidade do sujeito. Borsonello et al (2002) ressalta que quando existe conflito entre as metas e as estruturas de uma empresa e das necessidades do sujeito, não atendidas ou consideradas, torna o ambiente laboral gerador de ansiedades, podendo ocasionar a depressão e sintomas psicossomáticos. Neimeyer e Feixas (1992) associam desesperança a depressão, como sintoma derivado. A desesperança é caracterizada por Oliveira (2008), como percepções negativas, assim como a um sentimento de fracasso e de derrota em relação a si próprio. Objetivos: Analisar a correlação entre ansiedade, depressão, desesperança e sintomas psicossomáticos (frequência e intensidade) em trabalhadores da área de saúde. Metodologia: Este estudo contou com a coleta de dados de 110 trabalhadores de um hospital na cidade de Goiânia - GO. Foram aplicados: os Inventários de Beck (CUNHA, 2001) para depressão, para ansiedade e desesperança, e Escala de Sintomas Psicossomáticos (Sousa, Oliveira & Costa Neto, no prelo). Iniciou-se a pesquisa com a aprovação do projeto (Comitê de Ética de Pesquisa da PUC Goiás, parecer n. 1.128.691). Resultados: A desesperança não apresentou correlação significativa com nenhuma das dimensões analisadas. Apontando que a presença de desesperança não exerce influência na frequência e intensidade de sintomas psicossomáticos, na depressão e ansiedade. Os resultados indicam que existe correlação positiva entre a depressão e a frequência (r= 0,574; p<0,001) e a intensidade de sintomas psicossomáticos (r= 0,573; p<0,001) e a ansiedade (r= 0,718; p<0,001). Observou-se também que existe correlação positiva entre a ansiedade e a frequência (r= 0,684; p<0,001) e a intensidade de sintomas psicossomáticos (r= 0,703; p<0,001). Discussão: Os resultados mostram que a ansiedade, depressão, frequência e intensidade dos sintomas psicossomáticos estão correlacionados positivamente, o que implica dizer que a saúde do trabalhador quando comprometida em uma das quatro dimensões citadas acima, provavelmente terá também comprometidas as outras três dimensões, estando todas inter-relacionadas com altos níveis de significância, demonstrando a coexistência destes fenômenos. No entanto, os dados demonstram não existir correlação entre desesperança e as quatro dimensões citadas. Podendo inferir que a desesperança não implica na depressão, na ansiedade, assim como na frequência e na intensidade de sintomas psicossomáticos desenvolvidos, e vise-e-versa. Conclusão: Quando diagnosticado um trabalhador com ansiedade, pode-se dizer que provavelmente ele tenha também depressão e sintomas psicossomáticos, com alta frequência e intensidade. Da mesma forma que se diagnosticar o trabalhador com depressão, pode se inferir que provavelmente ele tenha desenvolvido ansiedade e sintomas psicossomáticos. Ou seja, é necessário pesquisar mais amplamente a saúde mental do trabalhador quando há presença de ansiedade, depressão, ou sintomas psicossomáticos, isso para desenvolver estratégias de reabilitação deste trabalhador.

Referências Bibliográficas

BORSONELLO, E. C. et al. A influência do afastamento por acidente de trabalho sobre a ocorrência de transtornos psíquicos e somáticos. Psicologia: ciência e profissão, v. 22, n. 3, p. 32-37, 2002

CUNHA, J.A. Manual da versão em português das Escalas de Beck. São Paulo: Editora Casa do Psicólogo. 2001.

DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde. Revista brasileira de saúde ocupacional, v. 14, n. 54, p. 7-11, 1986.

OLIVEIRA, K. L. de. Compreensão da leitura, atitudes de leitura e desesperança em universitários. Psicologia: ciência e profissão, v. 28, n. 4, p. 820-831, 2008.

NEIMEYER, Robert A.; FEIXAS, Guillem. Cognitive assessment in depression: A comparison of some existing measures. European Journal of Psychological Assessment, 1992.

SOUSA, I. F., OLIVEIRA, V. C. B & COSTA NETO, S. B. (no prelo). Validação da Escala de Sintomas Psicossomáticos: intensidade e frequência.

Área

5. Novas Tecnologias, Gestão e Formação em Psicologia Hospitalar e da Saúde - 5.6 Produção Científica em Psicologia da Saúde e Hospitalar

Instituições

PUC GO - Goiás - Brasil

Autores

Sarah Cassimiro Marques, Ivone Félix Sousa, Wanny Caroline Teixeira Nunes, Sebastião Benício da Costa Neto, Larissa Cole