11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A Experiência de discriminação e sua associação com desfechos em saúde: hipertensão, diabetes, obesidade, ansiedade e depressão.

Resumo

A discriminação consiste na percepção acerca de um tratamento injusto motivado pelas características de identidade ou pertencimento a algum grupo específico. As minorias são o principal alvo dessas ações. Pesquisas têm demonstrado que a experiência de discriminação produz efeito deletério significativo sobre a saúde física e mental, produzindo maiores níveis de estresse. O objetivo deste artigo foi estudar a relação entre doenças físicas, ansiedade e depressão e a discriminação em pacientes atendidos na Atenção Primária a Saúde no Rio de Janeiro e São Paulo. Trata-se de um estudo de corte transversal com 1466 pacientes entre 18 e 65 anos. Para aferir o diagnóstico de doença física, foi preenchido questionário pelo médico/enfermeiro e para detecção dos transtornos mentais foi utilizado o Hospital Anxiety and Depression Scale. E, para aferir a discriminação foi utilizado o questionário geral que coletou dados sobre a percepção do participante sobre discriminação. Os resultados demonstraram que referente à ocorrência de discriminação, 28,1% dos participantes relataram ter vivido alguma experiência de discriminação nos últimos 12 meses. As respostas foram classificadas em oito categorias de motivos para a discriminação: discriminação por orientação sexual (1%), etnia/cor (2,8%), gênero (3,5%), incapacidade física (5,1%), idade (7,1%), condição socioeconômica (9,4%), religião (10,4%) e outras causas (11,7%). As associações existentes entre os diagnósticos de doenças físicas e transtornos mentais com a ocorrência das respostas referentes à ter qualquer discriminação, para os desfechos em saúde, obteve associação estatisticamente significativas e inversa com hipertensão (OR=0,73; IC 95% 0,56-0,93), e associações estatisticamente significativas e positivas com obesidade (OR=2,39; IC 95% 1,29-4,43), ansiedade (OR=2,69; IC 95% 2,12- 3,40) e depressão (OR= 2,20; IC 95% 1,71- 2,83). O padrão de associação foi diferente entre os diagnósticos: hipertensão, obesidade, ansiedade e depressão. A discussão do resultado demonstrou que, com exceção do diabetes, todos os demais diagnósticos tiveram associação estatisticamente significativa com a experiência de discriminação. Porém existe uma diferença do padrão de associação, a hipertensão teve associação negativa enquanto que a obesidade, a ansiedade e a depressão tiveram associações positivas. No caso dos pacientes hipertensos quanto mais adoecidos, menos discriminação eles percebiam sofrer, ao passo que, no caso da obesidade, da ansiedade e da depressão quanto maiores forem os índices de adoecimento serão maiores também os índices de discriminação. Conclui-se portanto que a experiência de discriminação está associada à saúde dos sujeitos, logo, sua discussão é pertinente no campo da saúde. Na prática de atendimento, os profissionais podem também estar atentos aos relatos dos pacientes acerca do impacto dessas experiências nas condições de saúde e buscar ferramentas eficazes na redução do impacto danoso da discriminação. Ações podem ser desenvolvidas visando o combate a discriminação, em especial no campo da promoção da saúde reconhecendo que esta pauta é coerente com o favorecimento de melhores condições de saúde e qualidade de vida para os pacientes afetados por este agente estressor que é a discriminação.

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Área

2. Universalidade, Equidade e Integralidade em Saúde - 2.3 Articulação e Rede de Atenção à Saúde

Instituições

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ELLEN INGRID SOUZA ARAGÃO, FLÁVIA BATISTA PORTUGAL, MÔNICA RODRIGUES CAMPOS, SANDRA LUCIA CORREIA LIMA FORTES