Relato de Estágio: Acolhimento Psicológico em Pronto Atendimento de um Hospital Geral
INTRODUÇÃO: O pronto atendimento é porta de entrada do hospital e recebe pessoas em situações de emergência, com frequência vivenciando sofrimento e angústia pela espera, dúvida quanto ao estado de saúde e dor. Neste contexto, foram realizadas intervenções psicológicas por acadêmicas de psicologia com pacientes e acompanhantes, caracterizadas como acolhimento. OBJETIVOS: As intervenções objetivaram oferecer atendimento humanizado aos pacientes e acompanhantes, promovendo relações e práticas de cuidado, bem como estimular desenvolvimento de estratégias de enfrentamento do processo de adoecimento e hospitalização. METODOLOGIA: Utilizou-se protocolo com perguntas disparadoras do diálogo, relacionadas ao histórico clínico e social, relação do paciente com adoecimento, hospitalização, tratamento e equipe de saúde. O protocolo serviu também para registro de dados e identificação de demandas para acompanhamento psicológico na internação. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em oito meses, foram atendidas 527 pessoas. Por meio da escuta, as estagiárias se depararam com falas que chamaram atenção para aquilo que vai para além do discurso, revelando sofrimentos, angústias entre os mais diversos sentimentos que demarcam a relação dos sujeitos com este espaço. Foi observado que o processo de hospitalização pode fazer com que muitos questionamentos, ideias e sentimentos venham à tona, uma vez que ao passar por procedimentos dentro do contexto hospitalar o paciente pode vivenciar situações nunca antes pensadas ou experimentadas. Ao oferecer escuta atenta e interessada, foi possível auxiliar pacientes e acompanhantes na identificação do que lhes gerava angústia, legitimá-los em seu sofrimento, para que, em seguida, pudessem, com apoio, reunir recursos que dispunham para enfrentamento daquela condição. Desse modo, oportunizou-se por muitas vezes o alívio das tensões, provenientes da hospitalização e adoecimento, bem como ressignificação do vivido naquele
espaço e fortalecimento de estratégias de enfrentamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nas atividades realizadas em uma perspectiva da psicologia da saúde e hospitalar, percebeu-se que este é um campo ainda a ser explorado. Pelo número limitado de profissionais atuando nesses espaços, há setores em que a psicologia não chega e onde o que prevalece é a premissa de urgência. Assim, suas ações ficam condicionadas ao chamado de outros profissionais, que definem quando a psicologia passará a participar do atendimento, restringindo também a realização de ações de prevenção, acolhimento e promoção de saúde. Por outro lado, o pronto atendimento, por ser um setor onde será definido se o paciente permanecerá internado ou receberá alta, é um lugar propício para o acolhimento, pois este primeiro contato pode dar suporte no enfrentamento do processo de hospitalização, bem como possibilita ao profissional de psicologia, por meio da avaliação psicológica, estabelecer um plano de trabalho em relação a possíveis demandas desses sujeitos durante sua permanência neste espaço. Através do retorno de pacientes e profissionais, foi possível constatar os benefícios da intervenção no setor do pronto-atendimento. Por vezes, a equipe multidisciplinar não conhece nem entende a função e contribuição do psicólogo, o que pode acarretar em uma desvalorização deste profissional. No entanto, com a troca e diálogo entre a equipe, a tendência é que os profissionais conheçam, compreendam e valorizem esta atuação.
BRASIL, Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção da saúde. Série B. Textos básicos em saúde. 2a edição, Brasília, 2006.
BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – 3a edição. Brasília, 2010.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria nacional de ações básicas de saúde coordenação de assistência médica e hospitalar. Conceitos e definições em saúde. Brasília 1977.
4. Modelos de Prevenção e Promoção da Saúde em Diferentes Contextos - 4.3. Humanização
Associação Catarinense de Ensino - Santa Catarina - Brasil
Tatiane Pedroso Yoshii, Priscila Adriana Batistel Ramos, Fabíola Langaro, Kauane Linassi Leite, Vanilsa Aparecida Mácimo , Bruna Gabriela Dorn