Intervenção psicológica focal como adaptação aos procedimentos dolorosos no processo quimioterápico: experiência na Central de Quimioterapia do HCFMRP-USP.
Dentre as diferentes modalidades de tratamento para o câncer infantojuvenil, a quimioterapia é um procedimento invasivo que expõe crianças ao evento doloroso que, necessitando da punção de veias e/ou cateteres, é frequentemente acompanhado de efeitos adversos a curto prazo, como enjoo, náuseas, vômitos e perda do apetite, além de possíveis complicações como sangramentos e embolias. Sendo a dor um fenômeno multidimensional e também uma experiência subjetiva, com influências de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais, as intervenções psicológicas tem o potencial de manejar e favorecer a elaboração das reações mais comumente observadas nas crianças, como medo, ansiedade e estresse frente ao procedimento doloroso; requisitando técnica e reflexão constante das práticas realizadas junto ao paciente durante o processo quimioterápico. Deste modo, este trabalho tem como objetivo refletir sobre as intervenções desenvolvidas pela equipe de psicologia junto a crianças e adolescentes diagnosticadas com câncer, e que recebem administração de quimioterapia junto a Central de Quimioterapia do Hospital das Clínicas FMRP-USP. A assistência se estabelece após a apresentação individual aos pacientes e a receptividade e o aceite da criança, são oferecidos para serem escolhidos recursos lúdicos, como jogos, materiais gráficos, e livros; contando o término de dada intervenção com um encerramento pontuando questões emergentes ao encontro. Observa-se que as questões tangem o impacto do cuidado oncológico sobre aspectos saudáveis da vida, como relações interpessoais, convivência com a escola, além de adaptação ao contexto ambulatorial e procedimentos dolorosos. As estratégias de intervenções utilizadas consistiam na utilização de recursos lúdicos que propiciavam o vínculo com a equipe e a expressividade da criança, facilitando assim as verbalizações sobre suas experiências e vivências relativas ao adoecimento. Observou-se que durante a realização das intervenções as crianças e adolescentes mostraram-se receptivos ao que lhes era proposto, e que a partir da vinculação estabelecida relatavam experiências dolorosas relacionadas a procedimentos, tais como puncionar a veia, perder a veia, ou extravasar medicação quimioterápica, além de apresentarem melhor adaptação ao contexto mediante o uso dos recursos lúdicos e de terem favorecidas a expressão e a legitimação dos sentimentos presentes nas vivências do tratamento quimioterápico. A guisa da conclusão, é possível verificar que as ações que contemplem a escuta ativa, o encorajamento das expressões diante de eventos dolorosos, o resgate da identidade e das características pertinentes a etapa do desenvolvimento de pacientes oncológicos pediátricos, podem atuar como mecanismos de proteção frente a episódio de dor e sofrimento causado pela quimioterapia, as administração, e efeitos secundários.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.1 Atenção Integral à Criança e ao Adolescente no Contexto de Saúde e Doença
Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. - São Paulo - Brasil, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil
Stephano Simonassi Arantes Souza , Ana Cláudia Durão, Carolina Beatriz Savegnago Martins, Maria Luísa Marzola Dantas, Nichollas Martins Areco