Com-Partilhando desafios e esperança: ninguém quer a morte, só saúde e sorte.
Introdução: O grupo terapêutico é um espaço estruturado com base em trocas de experiências, esforço mutuo e construção coletiva. A participação de profissionais de saúde, pacientes e familiares em grupos foi registrada desde a segunda guerra mundial como espaço para fortalecimento e elaboração coletiva, quando psiquiatras mostraram a influência dos fatores psicossociais na formação das experiências cognitivas, afetivas e comportamentais de soldados sobreviventes e seus familiares. No contexto hospitalar o grupo é uma ferramenta que possibilita o compartilhamento entre paciente e seus familiares de medos, desafios e obstáculos buscando coletivamente estratégias de enfrentamento que favoreçam alivio do sofrimento e empoderamento. Objetivos: Identificar sentimentos, emoções e conflitos vivenciados por pacientes do programa de transplante hepático e seus familiares e as estratégias de enfrentamento construídas e/ou compartilhadas neste espaço. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo que analisa 10 encontros do grupo de suporte realizado em um programa de transplante hepático na cidade do Rio de Janeiro. Os grupos ocorreram entre junho de 2016 e abril de 2017, em uma sala com a capacidade para 20 pacientes, com duração de duas horas e frequência mensal, sendo conduzido por uma psicóloga e observado por duas estagiárias. O material utilizado para coleta dos dados consiste nos diários de campo das estagiárias. Para o tratamento dos dados utilizou-se a metodologia de análise “discurso do sujeito coletivo” de Lefèvre e Lefèvre, utilizando como principal categoria de análise as ideias centrais. Resultados: Os resultados demonstram 18 ideias centrais subdivididas em 04 grandes categorias: desafios, aspectos positivos, estratégias de enfrentamento e colaboração da equipe da multidisciplinar. Foram apresentados os temas discutidos em pelo menos um dos encontros. O resultado da análise revelou como ideias centrais extraídas dos discursos: medo, angústia, impotência, estigma da doença ansiedade na fila de espera, gratidão, esperança, coragem, superação, otimismo, espiritualidade, apoio da família, confiança na equipe, desejo de conhecer o doador, comunicação do surgimento do órgão, respeito da equipe com o paciente, mudança da personalidade e responsabilidade em ser uma pessoa melhor. Discussão: Observou-se que o permanente movimento de estruturação, desestruturação e reestruturação que ocorre no grupo, possibilitou que de forma espontânea, através do processo de identificação que seus membros pudessem: expressar sentimentos, elencar novos repertórios de resposta, internalizar soluções propostas por outros participantes, elevar a autoestima e autoconfiança, desmistificar medos, desenvolver e manter vínculos saudáveis e significativos entre os membros do grupo. Atuando assim, como um espaço de acolhimento e suporte indispensáveis neste cenário. Conclusão: Verificou-se que o grupo impacta positivamente o enfrentamento dos pacientes que aguardam na fila de espera a realização do transplante e seus familiares. Além disso, possibilitou aos pacientes transplantados um espaço para a expressão da gratidão e prática de atos de solidariedade. Espera-se que esses resultados incentive a utilização deste recurso tão potente, no cuidado integral, a saúde do paciente e dos familiares.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
HOSPITAL ADVENTISTA SILVESTRE - Rio de Janeiro - Brasil
ELLEN INGRID SOUZA ARAGÃO, CLAUDIA CRISTINA TAVARES SOUZA