11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

PSICOLOGIA NAS URGÊNCIAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO ATENDIMENTO JUNTO AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

Resumo

No contexto de urgências e emergências não são apenas demandas físicas que emergem, mas também psíquicas. Neste sentido, o trabalho do psicólogo deve procurar minimizar a intensidade das reações advindas da situação inesperada a qual se encontra a vítima, afinal sua rotina é subitamente atravessada pelo inusitado mal-estar ou acidente de ordem diversa, que além das consequências orgânicas pode provocar uma condição perturbadora, composta por uma gama de sentimentos (medos, fantasias, inseguranças, desamparo, tristezas, sensação de impotência, ansiedade, entre outros). Esta atenção ao sofrimento não somente físico como psíquico, proporciona os primeiros passos em direção à inovação no acolhimento e na humanização nos serviços de Urgência e Emergência.
Este trabalho é um relato de experiência de um estágio em psicologia, desenvolvido em um batalhão do Corpo de Bombeiros Militar. As atividades foram realizadas durante o segundo semestre de 2014, e primeiro semestre de 2015, com dez horas semanais. Dentre as atividades realizadas constavam: acompanhamento aos profissionais nos atendimentos de urgência e emergência realizados pela equipe do Corpo de Bombeiros através da ambulância; orientação aos profissionais quanto a aspectos da atuação do psicólogo e sobre fenômenos psicológicos; escuta qualificada aos profissionais; atendimento psicológico a vítimas e familiares; mediação entre bombeiros/vítimas/acompanhantes quando necessário.
Os casos que mais demandavam intervenções do campo da psicologia durante os atendimentos foram estresse frente à situação da ocorrência, crises de ansiedade, tentativas de suicídios, entre outros. As ações foram eficazes e, por vezes, evitaram a condução de vítimas e o dispêndio de recursos públicos para tal atendimento. Afinal além das demandas orgânicas também emergiam aspectos psicológicos/emocionais, os quais, muitas vezes eram as causas primárias dos sintomas físicos. Crises de ansiedade, por exemplo, podem produzir vários sintomas físicos, como taquicardia, sudorese, dor de cabeça, tontura, diarreia, falta de ar, boca seca, pele fria, palidez, indigestão, entre outros. Por estas manifestações físicas, muitas vezes o Corpo de Bombeiros Militar é acionado no atendimento de emergências.
Outro aspecto importante foi a visualização e valorização da equipe dos bombeiros para o trabalho da psicologia, sendo que, um dos bombeiros de plantão, chegou a relatar que se tivessem sempre um profissional de psicologia junto aos atendimentos, evitariam muitas conduções desnecessárias.
Neste período observamos o quão ampla pode ser a atuação da psicologia no campo das urgências, visto que sua contribuição abarca desde a sensibilização no atendimento às vítimas, quanto na orientação e intervenções diretas com os profissionais, trazendo benefícios tanto aos profissionais/instituição, vítimas, quanto às estagiárias.
O estágio não buscou tornar os bombeiros dependentes da ajuda de um profissional da psicologia, a cada novo atendimento; porquanto se soubesse que tal formato fosse inviável. A intenção antes seria demonstrar que além da rápida resposta quanto às emergências orgânicas seria também preciso não perder de vista a escuta, o acolhimento, a subjetividade do outro que sofre. Pois a humanização é uma mudança que deve ocorrer não apenas nas estruturas e nas formas de trabalhar, mas também nas pessoas envolvidas em tais trabalhos.

Referências Bibliográficas

ALMONDES, Katie Moraes; SALES, Eleni de Araújo; MEIRA, Maísa de Oliveira. Serviço de Psicologia no SAMU: Campo de Atuação em Desenvolvimento. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 36, n. 2, p. 449-457, 2016. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/304339450>. Acesso em: 20 out. 2016.

BRASIL. Ministério Da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf>. Acesso em: 25 out. 2016.

MORAES, Maria Camila Ferreira; SILVA, Niedja Pereira da. Saúde mental e as relações de trabalho: como ansiedade influencia o comportamento humano no ambiente de trabalho. Interfaces de Saberes, v. 14, n. 1. 2015. Disponível em: <https://interfacesdesaberes.fafica-pe.edu.br/index.php/import1/article/view/533/274>. Acesso em: 24 out. 2016.

Área

4. Modelos de Prevenção e Promoção da Saúde em Diferentes Contextos - 4.3. Humanização

Autores

Michelle Marques Souza Peixer, Gisele Regina da Cunha, Maria Isabel do Nascimento-André