11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A dor, a angústia e a perda na Unidade de Terapia Intensiva

Resumo

A internação hospitalar de uma pessoa na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geralmente afeta e fragiliza a família, pois a aparência do paciente, com diversos curativos, aparelhos e fios, bem como os ruídos dos equipamentos e da equipe, impacta os familiares; este ambiente é percebido como um espaço bastante agressivo e ameaçador, pois evidencia risco de morte do paciente. Dessa forma, este cenário gera nos familiares sentimentos de dúvidas, desamparo, impotência, ansiedade, angústia, insegurança e o medo da morte eminente de seu ente querido (Santos & Caregnato, 2013). O presente relato de experiência tem como objetivo expor o caso dos familiares da paciente E.N, sexo feminino, 55 anos, solteira, provedora de sua família, possui um filho e está internada na UTI de um Hospital de Urgências. Após sofrer um rebaixamento de nível de consciência, fortes dores de cabeça e uma hemorragia subaracnóidea espontânea, foi diagnóstica com um aneurisma cerebral roto da artéria comunicante anterior, permanecendo em coma vigil. Diante desse processo de internação inesperado, os familiares sofreram uma ruptura, o que gerou uma consequente desorganização biopsicossocial e espiritual perante a gravidade do quadro clínico e do medo iminente de morte da paciente. A família de E.N, vem enfrentando mudanças em seu cotidiano, pois o processo de hospitalização causou um grande impacto na conjuntura familiar, representando uma série de mudanças em suas rotinas, onde mãe, irmã e filho da paciente foram fortemente afetados. A paciente é uma única pessoa, porém os membros de sua família sentem de forma diferente esse processo de internação sua mãe, sente que está vivenciando a dor e a insegurança de perder uma filha; sua irmã relata compreender a gravidade do quadro clínico e utiliza-se da religião como forma de recurso de enfrentamento que a auxilia na melhor compreensão do momento vivenciado; seu filho expõe sentimentos de impotência, insegurança e medo, medo de perder essa mãe, do abandono e do desamparo. O familiar, ao vivenciar a agonia de uma provável perda, pela incerteza de recuperação do seu membro querido e devido o sofrimento do mesmo, experimenta a antecipação da perda, que é extremamente perturbadora e dolorosa, sendo por estes motivos esta considerada um processo muito difícil e angustiante (Silva et al, 2016). É importante para a família, que está passando por esse processo de perda, o acompanhamento psicológico, pois o trabalho desse profissional é o de demonstrar a essa família a percepção do momento que está sendo vivenciado, facilitando a expressão das emoções e as despedidas (Rodriguez, 2014). As intervenções e o apoio psicológico são fundamentais para proporcionar um ambiente seguro, no qual os familiares possam vivenciar este processo, aumentando a capacidade de suportarem essa etapa de internação, gerando um efeito adaptativo positivo, ou seja, para que mãe, irmã e filho da paciente lidem de forma mais amena com o estresse e o sofrimento decorrentes dessa internação, modificando a forma como percebem e enfrentam a vivência de acompanhar um ente querido na UTI e consigam aliviar a dor após a perda.

Referências Bibliográficas

Rodriguez, M. I. F. (2014). Um olhar para a despedida: um estudo do luto antecipatório e suas implicações no luto pós-morte. 85 f. (Dissertação de mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

Santos, D. G., & Caregnato, R. C. (2013). Familiares de pacientes em coma internados na Unidade de Terapia Intensiva: percepções e comportamentos. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 15, n. 2, p. 487-95, jun. ISSN 1518-1944. Recuperado de: https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/16929/14828.

Silva, S. E. D., Vasconcelos, E. V., Freitas, K. O., Baia, R. S. M., Araújo, J. S., Tavares, R. S., & Costa, J. L. (2016). O cotidiano de familiares de pacientes internados na uti: um estudo com as representações sociais. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, [S.I.], v. 8, n. 2, p. 4313-4327, apr. 2016. ISSN 2175-5361. Recuperado de: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/4366.


Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Instituições

COREMU SES - Goiás - Brasil

Autores

Júlia de Paula Oliveira, Aline Dias Martins, Magda de Souza Ferreira