CAMINHOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL GERAL
Os cuidados paliativos propõem alternativas de cuidados para pessoas em processo ativo de morte ou portadoras de doenças ameaçadoras de vida, considerando os aspectos biopsicossociais e espirituais, bem como as implicações para o paciente e sua família. A partir dos anos 2000 começou significativa discussão acerca dos cuidados paliativos no Brasil, com concomitante implantação e/ou implementação de serviços especializados em instituições de saúde. Este trabalho caracteriza-se como relato de experiência, com o objetivo de descrever o processo de implantação de ações de cuidados paliativos, sob a coordenação do serviço de psicologia, em um hospital privado do Recôncavo Baiano. A experiência teve inicio em janeiro de 2015 e foi organizada em três etapas. A primeira diz respeito a elaboração e implantação do termo de cuidados paliativos pleno, como estratégia para formalizar perante a equipe e a família esta proposta de cuidado para os pacientes elegíveis. Dessa forma, visa evitar falha na comunicação entre equipes de setores diferentes do hospital e promover linearidade no cuidado. A segunda etapa constituiu-se de ações de capacitação da equipe visando instituir um plano terapêutico adequado e identificar precocemente os pacientes elegíveis. A terceira etapa corresponde ao momento atual e aborda enfrentamentos para manutenção da implantação dos cuidados paliativos numa instituição privada norteada por normas distintas dos diversos planos de saúde e por uma politica econômica em crise, com mudanças constantes de profissionais nos diversos setores de assistência. Inicialmente a implantação do termo de paliação teve baixa aceitação pelos familiares, devido ao seu caráter técnico e diretivo, exigindo revisões com o intuito de acolher às necessidades da clientela atendida pelo hospital e favorecer uma parceria entre equipe, família e paciente. Nesta etapa a definição de paliação era limitada á equipe da unidade de terapia intensiva e destinava-se, quase que exclusivamente, aos pacientes em fase ativa de morte com falha terapêutica. Na segunda etapa, as conferências familiares foram usadas como ferramenta psicoeducativa, favorecendo a compreensão e assimilação das informações relacionadas ao cuidado pelos familiares, ampliando a participação e integração da rede de apoio nos cuidados do paciente. Alcançou-se maior adesão da tríade paciente-família-equipe aos cuidados paliativos e, conseqüentemente, ao termo institucional. Nesta fase, houve um crescimento significativo do número de pacientes em cuidados paliativos no hospital e a adesão de profissionais a esta prática não se limitava à pacientes da unidade de terapia intensiva. Nesse processo, foi evidenciada a necessidade de educação permanente, com o objetivo de aperfeiçoar a prática profissional em cuidados paliativos e de discussões relacionadas à bioética. Contudo, a falta de protocolos institucionais e dificuldades em compreender a proposta de cuidados paliativos abriram espaço para diversas interpretações e condutas até divergentes entre os profissionais de saúde, impedindo que os cuidados paliativos sejam implantados de forma plena.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos
ELIS BITENCOURT SOARES, MARIA JÚLIA UCHÔA REALE