SUICÍDIO E ADOLESCÊNCIA: UMA RELAÇÃO CADA VEZ MAIS COMUM
O suicídio é, atualmente, um problema de saúde pública mundial por figurar entre as três principais causas de morte entre indivíduos de 15 a 44 anos e segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10 a 24 anos. Este trabalho tem por objetivo trazer para a discussão o suicídio, fenômeno cada vez mais presente na sociedade e sua presença no universo adolescente, a partir de um estudo de caso, conduzido por nós no Estágio em Psicologia Clínica Infanto-juvenil, no Posto Sarah Kubitcheck de Oliveira, no município de Miguel Pereira - RJ. É ponto pacífico que muitas vezes os adolescentes se veem envolvidos em conflitos inerentes à condição de adolescer ou condições mais amplas e complexas como o isolamento social, abandono, exposição à violência familiar, histórico de abuso físico ou sexual, estresse, uso de álcool e outras substâncias, déficit na assistência social, sentimentos de solidão, desesperança e incapacidade, histórico de suicídio na família, questões sociais relacionadas à pobreza e à influência da mídia, decepção amorosa, bullying, condições de saúde desfavoráveis, baixa autoestima, dificuldade de aprendizagem, entre outros. Relatam um constante desamparo, sentindo-se sozinhos, frágeis, ou com dificuldades para lidar com altos níveis de tensão. Por este motivo, torna-se importante deter a atenção no tema, em especial no campo da Psicologia, visto que cada dia mais os PSFs onde estagiamos têm recebido pacientes adolescentes, com discurso - e comportamento - suicida. Nossa metodologia é o estudo de caso, articulado à revisão bibliográfica de obras de orientação psicanalítica. É no campo clínico que podemos verificar o encontro entre ciência fundamental e ciência aplicada, entre teoria e prática. O atendimento, feito semanalmente, pôde permitir que os adolescentes se organizassem para além do discurso suicida que os levou a busca de ajudam clínica no PSF. Na presente comunicação oral, focamos no caso de D.A. para demonstramos o alcance de uma escuta clínica para a prevenção do suicídio na adolescência. Concluímos que a ideia de suicídio representa muitas vezes uma fantasia, e o desejo de realmente concretizar o suicídio é mórbido. Porém, a fronteira que separa a utopia da realidade é tênue e é imprescindível abrir um espaço de escuta para que esses adolescentes falem sobre a morte. Na clínica, é de extrema importância que os psicólogos sejam cuidadosos em suas intervenções, sempre sendo isentos acerca da situação, contudo apresentando outras formas de lidar com as adversidades, que não as destrutivas.
BRAGA, Luiza de Lima; DELL’AGLIO, Débora Dalbosco. Suicídio na adolescência: fatores de risco, depressão e gênero. Contextos Clínicos, v. 6, n. 1, p. 2-14, jan-jun 2013.
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3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.1 Atenção Básica, Primária, Secundária e Terciária
Universidade Severino Sombra - Rio de Janeiro - Brasil
Fernanda Cabral Samico, Daniele Balbino de Melo, Rielery da Silva Goulart