11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título do Simpósio

A Inserção da Psicologia nos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde no Município de Fortaleza-CE.

Resumo Geral do Simpósio

A Psicologia, em seu estudo epistemológico, pode e deve ser entendida como uma ciência em constante desenvolvimento, com uma vasta área de atuação. Dentre as possibilidades de formação e prática da Psicologia da Saúde, tem-se os programas de Residência, com ênfases comunitárias e hospitalares, de caráter uniprofissional ou multiprofissional. Apresentaremos um panorama da atuação da Psicologia em programas de residência integrada multiprofissional no município de Fortaleza - Ceará, destacando a interdisciplinaridade como alicerce dessa prática, tendo como cenário a inserção do psicólogo nas especialidades de Infectologia, Neonatologia e Saúde Mental. Em 2008, foi implantado o programa de Residência Uniprofissional em Psicologia Hospitalar, que tinha como foco principal o atendimento psicológico dos pacientes e acompanhantes. Em 2010, com o início do programa de Residência Multiprofissional, o psicólogo passou a atuar, em algumas especialidades, integrado em uma equipe de saúde, buscando um olhar interdisciplinar mediante a prática interprofissional. No ano de 2013, foi inaugurado mais um programa de Residência Integrada em Saúde no Ceará, que inseriu psicólogos em várias especialidades em diferentes instituições hospitalares. Os programas de Residência Integrada e Multiprofissional têm por objetivos ativar e capacitar lideranças técnicas, científicas e políticas por meio da educação permanente em saúde, na perspectiva de contribuir na consolidação da carreira na saúde e no fortalecimento do SUS, partindo do pressuposto da aprendizagem significativa e propondo a transformação da atuação profissional a partir da reflexão crítica sobre as práticas reais nos serviços de saúde. No que se refere à atuação do residente, na Infectologia pode se dar ao longo de todo o período de tratamento, voltando-se às questões oriundas da condição sorológica, dando suporte ao paciente e à família, com atendimento individual ou em grupo; buscando seu fortalecimento, com estratégias de enfrentamento na vivência do estigma e possível preconceito; amparando-o ao lidar com os efeitos do tratamento, com limitações físicas impostas pelo adoecimento, com estreitamento dos laços sociais e afetivos, além das transformações na autoimagem e na vivência da sexualidade. Na assistência em Saúde Mental, o psicólogo integra uma equipe multiprofissional, no cuidado compartilhado da pessoa com sofrimento psíquico, visando seu atendimento integral, com a contribuição da escuta qualificada e do olhar da psicologia na perspectiva interdisciplinar, promovendo saúde biopsicossocial e buscando desconstruir o estigma da doença mental; a prática ocorre na enfermaria, com o paciente internado, e no atendimento ambulatorial, mediante grupos e consultas compartilhadas com profissionais de outras categorias. Outra ênfase do programa a destacar, a Neonatologia, em que o psicólogo se compromete com a humanização do cuidado no processo de gestação, parto e pós-parto, vivido não somente a nível biológico, mas também psíquico e emocional. Inserido na equipe multiprofissional das Unidades de Cuidado Intensivo e Semi-intensivo, propicia o vínculo mãe-bebê, privilegiando a organização psíquica da mãe; auxilia na adaptação e reconhecimento de sentimentos diante de diagnósticos, medos e fantasias relativas ao bebê; na interação da equipe com a família, propicia informações do recém-nascido e rotina da Unidade; realiza interconsulta, estimulando o vínculo terapêutico e esclarecendo dúvidas em atendimentos individuais ou em grupo.

Nome do Autor 1 e Moderador / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

MARIANA MENEZES AMARAL / A inserção do psicólogo nas residências em saúde e as interlocuções da Psicologia Hospitalar e Saúde Mental / Na rede de saúde de Fortaleza, houve, na última década, um movimento importante de criação e transformação de programas de Residência em Saúde onde a psicologia se insere. Com as Residências Integradas e Multiprofissionais, percebemos o destaque da interdisciplinaridade e interprofissionalidade, em consonância com os princípios do SUS de conceito ampliado de saúde e de atendimento integral. Quando falamos da ênfase de assistência em Saúde Mental, tem-se o sentido do atendimento à pessoa com transtorno psiquiátrico, bem como do suporte psicológico de pacientes dos demais setores, que vivenciam sofrimento psíquico intenso decorrente do processo de adoecimento e internação, que podem ou não apresentar comorbidades psiquiátricas. A prática do psicólogo residente se dá na enfermaria psiquiátrica, com o paciente em crise, em enfermarias de outros setores, mediante solicitação de interconsulta e parecer psicológico, além do atendimento ambulatorial de usuários da Rede de Atenção Psicossocial, por meio de grupos e consultas compartilhadas com profissionais de outras categorias. O psicólogo integra uma equipe multiprofissional, no cuidado compartilhado e atendimento integral da pessoa com sofrimento psíquico, contribuindo com a escuta qualificada e o olhar da psicologia na perspectiva interdisciplinar. Há, ainda, espaços destinados especificamente à troca de saberes, como aulas, sessões clínicas e supervisões em grupo. O programa oportuniza, por meio de teoria e prática, o aprendizado e a experiência profissional do psicólogo residente, tanto com foco na especialidade da Psiquiatria, quanto na Psicologia Hospitalar de forma geral, mediante o contato com pacientes em distintas condições de adoecimento e submetidos a tratamentos diversos.

Nome do Autor 2 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

JAMILLE MARIA RODRIGUES CARVALHO / Atuação da Psicologia em Infectologia: Possibilidades e Desafios / Infectologia é a especialidade que estuda as doenças causadas por patógenos, agindo na prevenção e tratamento de infecções, como as relacionadas ao HIV/Aids e às doenças tropicais. A Psicologia se insere nesse componente através de inúmeras práticas de assistência ao paciente soropositivo e das demais infecções, evidenciando o ser humano em sua integralidade, como um sujeito que sofre para muito além de sua doença. Esse aspecto fica ainda mais evidente quando pensamos no público alvo da Infectologia: portadores de doenças estigmatizantes, que estão associadas a preconceito e perdas psicossociais significativas e que, muitas vezes, tem relação com sexualidade, pobreza e iniquidades sociais. No que se refere ao HIV/Aids, a Psicologia pode atuar na reestruturação da identidade do sujeito após esse diagnóstico. O Aconselhamento possibilita a construção, junto ao indivíduo, de estratégias de enfrentamento dos impactos advindos do diagnóstico, além de meios de lidar com o estigma da doença. No hospital de Infectologia o residente atua no atendimento individual nas enfermarias e ambulatório, na Unidade de Terapia Intensiva, no Programa de Atendimento Domiciliar; além de desenvolver práticas integradas com a equipe multidisciplinar como grupos, atividades de educação em saúde e sessões clínicas. Na residência multiprofissional, a interdisciplinaridade é um desafio, mas também é fundamental, pois só assim é possível atuar concebendo saúde de forma ampla, promovendo não apenas a recuperação, mas também a prevenção e a manutenção da saúde. Além do fortalecimento do vínculo do paciente com a instituição, trocas de saberes, de experiências e o fortalecimento da adesão ao tratamento.

Nome do Autor 3 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

YASMIN ZALAZAN SANTOS CONCEIÇÃO / Um Olhar da Psicologia na Construção de Práticas em Neonatologia no contexto da Residência Integrada em Saúde / Entende-se que a experiência do nascimento de um filho desorganiza a identidade da mãe, promovendo alterações no ciclo de vida pessoal e familiar, demandando reorganizações emocionais e interpessoais, além de formação e readequação de papéis e funções. Nesse contexto, o psicólogo residente contribui na humanização do cuidado ao recém-nascido, o considerando não somente enquanto um puro organismo, sujeito a intervenções e cuidados dos pais e da equipe, mas como um ser provido de vida psíquica. Em situações de internação do recém nascido há uma desconstrução de um ideal de maternidade, que introduz no processo de vinculação pais-bebê a discrepância entre o bebê ideal e o bebê real, o cuidado intermediado por uma equipe especializada, o desenvolvimento imprevisível e o risco de morte. A inserção do psicólogo em equipe multidisciplinar visa um cuidado integral à saúde, voltada para promoção e prevenção; intervindo no vínculo pais-bebê; buscando a assistência integral em meio à troca de saberes entre os membros da equipe multidisciplinar e construção coletiva das ações. Na Residência em Neonatologia atua por meio de atividades psicoeducativas, atendimentos individuais e em grupo, promovendo o estreitamento do laço família-equipe, escuta de angústias e medos referentes aos cuidados e prognóstico do bebê, auxiliando na implantação de programas e portarias próprios da área nas salas de parto, alojamentos conjuntos, no banco de leite, nas Unidades de Cuidado Neonatal Intensivo, Semi-intensivo e Intermediário Canguru.

Área

5. Novas Tecnologias, Gestão e Formação em Psicologia Hospitalar e da Saúde - 5.3 Residência Multiprofissional

Autores

MARIANA MENEZES AMARAL, JAMILLE MARIA RODRIGUES CARVALHO, YASMIN ZALAZAN SANTOS CONCEIÇÃO