Implementação de um projeto interdisciplinar de cuidados paliativos à família de bebês internados em Unidades de Terapia Intensiva
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), os cuidados paliativos consistem na assistência multidisciplinar ao paciente e familiares, objetivando a melhoria da qualidade de vida diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. A área dos cuidados paliativos tem crescido bastante desde a década de 1990 e consequentemente houve um incremento do interesse pelo tema. Atualmente, os cuidados paliativos também chegaram à neonatologia, direcionados aos bebês fora de possibilidades terapêuticas de cura e seus familiares. O objetivo desse trabalho é o de relatar a experiência da implementação dos cuidados paliativos interdisciplinares em uma unidade de terapia intensiva neonatal, localizada numa maternidade pública no Estado do Ceará. A equipe de cuidados paliativos foi composta, em março de 2016, por duas psicólogas, uma médica pediatra especialista em cuidados paliativos, duas assistentes sociais e uma enfermeira. Após uma triagem, realizada pela psicologia e pelo serviço social, dos casos que seriam atendidos, a equipe se reunia durante 4 horas por semana e realizava atendimento multidisciplinar, com duração de uma hora e meia, com cada família separadamente. Durante os atendimentos, eram abordados conteúdos acerca do quadro clínico do recém-nascido, da dinâmica familiar, do histórico da gestação e expectativas em relação ao bebê. A equipe buscava sanar todas as dúvidas da família e oferecer as opções de cuidado, tanto em relação ao bebê, quanto em relação à família, que poderia ter acesso a atendimento psicológico posterior. Após esse momento, família e equipe pactuavam a participação familiar nos cuidados com o bebê, possibilitando, por exemplo, a visita dos irmãos aos bebês internados, a realização do batismo religioso do bebê, a organização de toda a equipe para colocar o bebê no colo dos pais e a realização de procedimentos de alívio da dor para o recém-nascido. Após a reunião, a psicologia continuava acompanhando a família, até a alta do recém-nascido ou o seu óbito. Em nove meses de intervenção, a equipe atendeu a 46 famílias, a maioria pais de bebês com malformação. Observou-se, ao longo desses nove meses, três resultados evidentes: 1. Uma maior aproximação da família em relação ao bebê, observada pela equipe das UTINs neonatais; 2. Redução dos sentimentos de ansiedade da família em relação ao recém-nascido, relatado pelos pais; 3. Uma ampliação dos momentos de reflexão da equipe de saúde e da família sobre os processos de morte e luto. Com base na experiência relatada, foi possível verificar a importância dos cuidados paliativos às famílias de recém-nascidos internados em Unidades de Terapia Intensiva. Observou-se a importância de uma abordagem humanizada e interdisciplinar para a implementação de cuidados pautados na ética e na qualidade de vida. É importante, por fim, ressaltar, que o a experiência relatada continua ocorrendo e que novas etapas estão em fase de implementação, como o grupo de apoio ao luto.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos
Maternidade Escola Assis Chateaubriand-UFC-EBSERH - Ceará - Brasil
Maria Socorro Leonacio, NATALIE BRITO ARARIPE, Cristiane Rodrigues Souza, Lia Burlamaqui vasconcelos