UM PERCURSO PELO HOSPITAL GERAL: QUANDO A GRAVIDEZ SE TRANSFORMA EM DOENÇA
INTRODUÇÃO: Através de nossas experiências com a prática clínica em uma Maternidade pública e federal no Rio de Janeiro, referenciada para gestações de alto risco, propomos discorrer sobre as possibilidades e desafios que encontramos em nosso cotidiano clínico. Trabalhamos constantemente com mulheres que apresentam intercorrências durante o puerpério, e consequentes internações prolongadas decorrentes de comorbidades graves.
OBJETIVOS: Pretendemos ilustrar com vinhetas clínicas o universo teórico que permeia a Instituição Hospitalar, com o intuito de relativizar sobre os limites do trabalho e da função de um psicólogo dentro de uma unidade de saúde. Nos deparamos frequentemente com mães afastadas de seus bebês e de suas rotinas por tempo indeterminado, quando o sinônimo de engravidar remete diretamente a adoecer. Deste modo, ponderamos em como poderíamos reduzir os riscos psíquicos diante de um puerpério não planejado, e assim, pensar em produzir ações profiláticas.
METODOLOGIA: O procedimento metodológico consistirá na revisão e pesquisa bibliográfica de produções científicas referentes as temáticas de psicopatologia perinatal e psicologia hospitalar, na teoria de base, e na conceitualização. Iremos proceder de maneira qualitativa, buscando compreender o caminho da assistência de saúde a uma gestante que internou-se em nossa Maternidade. Realizaremos o estudo do caso que se desdobrou para outras unidades do nosocômio, evidenciando o conhecimento adquirido acerca das reflexões que tal discussão pode explorar.
Ao detectar fatores iatrogênicos no entorno de uma internação, conseguimos assistir junto ao paciente, familiares e equipe médica, nas situações de conflito e desentendimentos que podem vir a ocorrer em um determinado caso. As interconsultas são fundamentais para que se consiga mediar crises entre os mesmos e propiciar a comunicação em um dispositivo de saúde. O psicólogo como uma espécie de “porta-voz” da relação paciente-médico previne desencontros, e permite que as necessidades e desejos venham ao encontro das informações e procedimentos necessários. Atuamos em intervenções deveras necessárias em encontros para discussão de casos e rounds, espaços que se elencaram como fundamentais para a equipe multiprofissional de nosso hospital geral.
RESULTADOS: Constatamos que os vínculos, e que a confiança estabelecida através de um processo transferencial com o psicólogo, facilita que toda a equipe possa, eventualmente, compreender as características e sofrimentos vivenciados por um paciente e sua família. Ao mediar as demandas de um usuário diante da hospitalização, interpretamos suas fantasias e anseios para os demais profissionais que exercem os processos de cuidado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Buscamos enaltecer a singularidade de um paciente, e de sua realidade, para englobar os conceitos envolvidos nessas relações de troca. Promovendo o saber e combatendo a ignorância em volta do processo de adoecimento, sempre que possível. Acreditamos trabalhar com o intuito de desconstruir crenças e medos desproporcionais através da psicoterapia, visando inclusive, elucidar o princípio ético da autonomia.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.2 Saúde Mental do Paciente, Família e Equipe
Luiza Carolina Zamagna, Isabela Cristina Silva, Adria Iglesias