11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

DIAGNÓSTICO DE MALFORMAÇÃO FETAL E CUIDADO PALIATIVO PERINATAL: UMA POSSIBILIDADE DE ELABORAÇÃO DO LUTO

Resumo

INTRODUÇÃO: Gravidez e pós-parto são momentos de vulnerabilidade e diante da constatação de diagnóstico fetal letal, os pais precisam lidar também com a eminência da morte. OBJETIVO: Descrever e propiciar reflexões sobre as emoções vividas e o processo de luto realizado por uma mulher que, em sua primeira gestação, recebeu diagnóstico fetal de osteogênese imperfeita tipo 2 no terceiro trimestre gestacional e que participou do Grupo de Apoio Integral às gestante e familiares de fetos com malformação - GAI, um grupo de cuidados paliativos perinatais. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de estudo de caso atendido no serviço de psicologia realizado no setor de Medicina Fetal de hospital terciário universitário da cidade de São Paulo. Foram realizados cinco atendimentos em psicoterapia. Os atendimentos foram pautados na técnica de associação livre. RESULTADOS: Os sentimentos expressos nos atendimentos versaram sobre impotência após receber o diagnóstico, como representado pelo discurso “Não posso ajudar, não posso fazer nada pela minha filha”. O risco de morte ao nascimento gerou dualidade de sentimentos aproximando vida/morte; alegria/tristeza. No acompanhamento psicológico foi possível notar o processo de aceitação do diagnóstico de letalidade e a aproximação da filha com compreensão de que esta seria a forma de viver a maternidade pelo período de tempo que lhe fosse possível. Refletindo sobre as decisões que poderia tomar que versavam sobre o cuidado e o nascimento com a filha, a paciente elaborou o plano de parto, optando pelo parto vaginal, desejando pegar a filha no colo após o nascimento – viva ou morta. A menina nasceu viva, ficou no colo por 60 minutos, foi batizada no Centro Obstétrico e foi possível registro fotográfico da filha. Nos atendimentos após o parto, paciente verbalizou sua compreensão da vivência da gestação e parto e avaliou que tais processos proporcionaram segurança e conforto. Avaliou estar tranquila por ter permanecido ao lado da filha o máximo possível. Conclusão: Os atendimentos permitiram o acolhimento e a reflexão sobre gestação, diagnóstico e óbito da recém-nascida assim como o início do processo de luto. Possibilitaram que a paciente enfrentasse sua perda e o significado dela e criasse memórias acerca da filha adaptando-se a vivência de uma gestação com diagnóstico de malformação fetal letal.

Referências Bibliográficas

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Lemos, L. F. S., Cunha, A. C. B. da. Concepções Sobre Morte e Luto: Experiência Feminina Sobre a Perda Gestacional. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 35, n. 4, p. 1120-1138, Dec. 2015 .

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos

Autores

Roberta Carolina Almeida Jesus, Gláucia Rosana Guerra Benute, Jéssica Gorrão Lopes Albertini, Rossana Pulcineli Vieira Francisco, Lisandra Stein Bernardes Ciampi Andrade