Título

Residência Multiprofissional em Saúde: experiências iniciais do acompanhamento psicológico no pré-operatório imediato de cirurgia cardíaca

Resumo

As doenças cardiovasculares constituem atualmente a maior causa de morbimortalidade no mundo. Nos últimos anos, a cirurgia cardíaca vem se desenvolvendo rapidamente porém, apesar do avanço tecnológico, o paciente cirúrgico nunca se sente totalmente seguro, pois a cirurgia tende a gerar intenso desconforto emocional e ameaça a sua integridade física e psicológica. O objetivo do estudo foi evidenciar a relevância da atuação do psicólogo com pacientes em pré-operatório imediato de cirurgia cardíaca, a partir da pesquisa bibliográfica sobre o tema aliada as experiências práticas do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde atenção clínica especializada (cardiologia/nefrologia), realizado pela Universidade Severino Sombra (USS) em parceria com o Hospital Universitário de Vassouras (HUV). Atualmente esta prática acontece na enfermaria de cardiologia, centro cirúrgico, CTI, hemodinâmica e Pronto Socorro, contemplando as especificidades do segundo ano de residência. Porém o presente trabalho refere-se as experiências iniciais do acompanhamento psicológico aos pacientes em pré-operatório de cirurgia cardíaca, desde a sua internação na enfermaria de cardiologia até o momento da cirurgia, já no centro cirúrgico antes do início da sedação. As reações emocionais dos pacientes que serão submetidos a cirurgia cardíaca são diversas e estão relacionadas tanto a variáveis subjetivas (características de personalidade, histórico de vida e da doença, antecedentes psiquiátricos) como objetivas (grau de confiança na equipe e na instituição). Partindo desse pressuposto, observa-se com maior prevalência principalmente nos momentos que antecedem a anestesia (já no centro cirúrgico) a ansiedade e o medo, relacionados à ameaça de morte – dado o caráter vital do coração e a simbologia nele depositada, à própria perda do controle, causada pela anestesia geral (comumente relacionada à passagem para a morte). É possível perceber a influência de dois principais fatores na minimização da ansiedade e sentimento de insegurança nesses pacientes a partir da atuação do psicólogo no centro cirúrgico. O primeiro diz respeito ao vínculo estabelecido com o paciente desde a enfermaria, que tem se mostrado relevante, pois quando o paciente chega ao centro cirúrgico ele se vê diante de uma nova equipe na qual ele não possui vínculo, sendo o psicólogo o profissional de referência neste momento. O segundo refere-se a criação de um espaço onde o paciente seja ouvido e considerado como sujeito e não apenas como um corpo objetalizado sobre o qual ocorrerá uma intervenção cirúrgica, comumente visto pela equipe do centro cirúrgico. Frente ao exposto, fica muita clara a importância da atuação do psicólogo no centro cirúrgico, o que temos conseguido confirmar com nossa prática até o momento e que tem se mostrado relevante devido a carência de pesquisas e estudos direcionados a prática do psicólogo neste setor específico.

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