Título

ATUAÇÕES EM PSICO-ONCOLOGIA RELATO DE ESTÁGIO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO INTERIOR DE RONDÔNIA

Resumo

Introdução: O câncer é uma doença crônico-degenerativa que atinge milhões de pessoas no mundo. É uma doença dolorosa, incapacitante, mutilante, na maioria das vezes mortal, que tende a desencadear alterações psicológicas e emocionais que demandam intervenções específicas. Entre as diversas áreas de abrangência da Psicologia destaca-se a Psicologia Hospitalar, descrita como o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento/hospitalização, a qual pode ser subdivida por especialidades, como é o caso da Psico-oncologia, que se dedica ao estudo da influência de fatores psicológicos sobre o desenvolvimento, tratamento e reabilitação de pacientes oncológicos e acompanhantes. Este trabalho objetiva relatar uma experiência de estágio realizado na ala da oncologia de um Hospital público de Urgência e Emergência do município de Cacoal/RO. Método: Participaram das intervenções pacientes da oncologia e seus acompanhantes, de ambos os sexos e maiores de 18 anos. Instrumento - protocolo de atendimento/triagem, subsidiado conforme o modelo de Dias e Radomile, para levantamento de informações sociodemográficas e clínicas e também para a coleta de dados referentes ao exame psíquico do paciente, bem como a postura frente à hospitalização, manejo do diagnóstico e manifestações comportamentais. Procedimentos – levantamento dos dados via prontuário e equipe, seguidos de atendimento beira leito e emprego das seguintes técnicas: manejo situacional, escuta analítica, psicoeducação e mediação de conflitos; evolução nos prontuários e discussão de casos. Agentes da vivência – 03 discentes e uma preceptora. Período - 2 horas semanais, entre setembro-novembro de 2016. Resultados e Discussões: Foram atendidos 21 pacientes, dentre eles 9 mulheres e 12 homens, com média de idade de 65 anos; apenas 3 pacientes residiam na cidade de Cacoal. Pôde-se observar maior incidência de câncer de próstata e, entre as mulheres, não houve predomínio de uma região específica, sendo os diagnósticos de: câncer ósseo, mama, pulmão, pele, collon, pâncreas, fígado, vulva e linfoma. O temperamento emocional observado em 55% dos pacientes foi de extroversão; em relação à órbita da doença 90% encontravam-se no estado de aceitação frente ao diagnóstico/hospitalização. O exame psíquico apontou angustia de morte e sinais de ansiedade e depressão. As manifestações psíquicas e comportamentais em destaque foram impotência, insegurança, dependência do familiar, limitação das atividades, perda de autonomia e da liberdade e conflitos quanto à privacidade. A literatura recomenda o emprego das técnicas utilizadas no estágio e problematiza a relevância da expressão de sentimentos sobre a vivência do adoecimento, facilitando a ampliação da consciência adaptativa do sujeito. Considerações finais: Está prática de estágio supervisionado evidenciou que a psicologia hospitalar, independente da ala de atuação, ainda é um desafio na Amazônia Ocidental, destacando-se como limitadores: o empoderamento biomédico vigente, a resistência na atuação interdisciplinar, a falta de informações acerca do “que faz um psicólogo hospitalar” e a escassez de psicólogos atuando, de fato. Ressalta-se aqui a importância da formação de profissionais qualificados na área e a relevância dos estágios supervisionados como mecanismos eficazes na formação e consolidação da Psicologia Hospitalar, tendo em vista a repercussão de intervenções eficazes para o paciente, acompanhante e equipe.

Referências Bibliográficas

DIAS, Natália Martins; RADOMILE, Maria Eugênia Scatena. A implantação do serviço de psicologia no hospital geral: uma proposta de desenvolvimento de instrumentos e procedimentos de atuação. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 9, n. 2, p. 114-132, dez. 2006 . Disponível em . acessos em 03 maio 2017.