Inventário de Crescimento Pós-Traumático e avaliação de mulheres com câncer de mama: dados de uma revisão sistemática
O Crescimento Pós-Traumático (CPT) consiste em uma remodelação cognitiva positiva decorrente de uma vivência traumática. Traz a ideia de que ao experienciar o estresse de uma situação adversa e desafiadora, a pessoa pode mudar construtivamente a maneira como vê e se coloca no mundo. Atualmente, o instrumento mais usado para avaliar tal construto é o Inventário de Crescimento Pós-Traumático (ICPT). Trata-se uma escala de autorrelato que avalia cinco domínios do CPT, sendo: relacionamento com os outros, novas possibilidades, mudança espiritual, noção de força pessoal e maior apreciação da vida. O câncer de mama é a neoplasia mais prevalente em mulheres no Brasil, sendo responsável pelo maior número de mortes. Este trabalho visou analisar o uso do ICPT em mulheres com câncer de mama, sendo os resultados apresentados parte de uma revisão sistemática. Utilizou-se os descritores Breast Cancer, Posttraumatic Growth, Posttraumatic Growth Inventory, Rumination e Social Support nas bases de dados Scopus, Web of Science, Embase, EBSCO, Cochrane e Psycinfo, buscando trabalhos publicados entre 2012 e 2017. Os critérios de inclusão e exclusão contemplam: ter utilizado o ICPT em população de mulheres com câncer de mama, avaliado Ruminação e/ou Suporte Social e ser um artigo científico empírico com metodologia quantitativa. A busca resultou em 21 resumos, aos quais foram adicionados outros dois manualmente, identificados nas listas de referências, totalizando 23 resumos. Estes foram avaliados por dois juízes independentes e, após aplicação dos critérios e a eliminação de duplicatas, totalizaram-se três artigos para análise. Dois trabalhos são estudos longitudinais e um transversal, sendo que os três possuem caráter exploratório e apresentam amostras expressivas, variando entre 185 e 653 participantes. Os três estudos encontraram escores significativos de CPT em suas populações, o que sugere que, a partir de uma vivência traumática, perceba-se mudanças positivas. Nestes estudos, o ICPT foi correlacionado com variáveis sóciodemográficas, bem como estratégias preditoras de CPT. Os estudos longitudinais mostraram que os escores de CPT tendem a aumentar nos primeiros 12 meses pós-diagnóstico, e depois estabilizar, não havendo reduções significativas com o passar do tempo, o que indica que tal remodelação cognitiva é permanente. O estudo transversal por sua vez, aponta que mulheres mais jovens, que tenham recebido quimioterapia e que percebam efeitos mais severos do tratamento apresentaram níveis maiores de CPT, o que demonstra que vivências mais intrusivas e com mais morbidade geram uma necessidade maior de remodelação, resultando nos maiores escores de CPT. Como os três estudos são exploratórios, o CPT ainda se mostra uma variável nova a ser estudada. Apesar da presença de dois estudos longitudinais, os mesmos tinham como limitação a homogeneidade da amostra. Sugere-se novos estudos com amostra heterogênea. O ICPT se mostra um instrumento adequado para avaliação de CPT em mulheres com câncer de mama, e a análise de seus resultados pode gerar intervenções que melhorem a qualidade de vida desta população. O desenvolvimento de CPT aponta para experiências positivas, fugindo do modelo focado em intervenções para tratamento de sintomatologia negativa oriunda da experiência e visando um enfrentamento
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.4 Saúde do Homem e da Mulher
PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil
Laura Fritzen Binfaré, Carolina Villanova Quiroga, Tânia Rudnicki, Irani Iracema de Lima Argimon