Título

ASSÉDIO MORAL: ESTRATÉGIAS DE COPING E BURNOUT EM TRABALHADORES DA ÁREA DA SAÚDE

Resumo

Introdução: O trabalhador tem se limitado às condições socialmente estabelecidas, em alguns casos levando a ocorrência de assédio moral para com o trabalhador, que podem utilizar distintas estratégias de coping – esquiva, manejo e controle, com níveis diferenciados de adaptação à situação estressora, definidas por Folkman et al. (1986) como estratégias utilizadas pelo profissional na finalidade de reduzir os efeitos do estresse. Quando um trabalhador é exposto a um processo prolongado de tentativas de lidar com determinadas condições de estresse, sem sucesso, este pode desenvolver a síndrome de burnout, entendida como o processo de desgaste psicológico com consequências físicas, psicológicas e sociais da exposição crônica. Esta síndrome apresenta-se como uma epidemia organizacional que pode levar o trabalhador à depressão, à ansiedade e até mesmo ao suicídio. Objetivo: Este estudo tem como objetivo avaliar se os trabalhadores de uma instituição hospitalar, quando são submetidos ao assédio moral, ou por parte do chefe, ou por parte da equipe, ou por parte de colegas, pode apresentar estratégias de enfrentamento a problemas (coping) diferentes, podendo ser adaptativas ou não, e assim avaliar se prediz o desenvolvimento da síndrome de burnout. Metodologia: Participaram 126 trabalhadores de um hospital público de região metropolitana de Goiânia, Goiás. Realizou-se um estudo de natureza quanti-qualitativa, in-loco, com questionários survey (Escala de Assédio Moral no Trabalho, Escala de Coping e o Maslach Burnout Inventory-General Survey), sendo realizadas análises descritivas e regressão linear (Statistical Package for Social Sciences). Iniciou-se a pesquisa com a aprovação do projeto (Comitê de Ética de Pesquisa da PUC Goiás, parecer n. 1.128.691). Resultados: A maioria dos trabalhadores utilizavam coping de Esquiva (43,7%), no entanto, utilizavam também, Manejo (38,1%) e Controle (38,1%). Quanto ao burnout, os dados indicaram predominância média em Exaustão Emocional (42,1%), baixa predominância em Cinismo (39,7%) e alta em Ineficácia (49,2%). Percebeu-se estatisticamente significativo (p=0,01) que o assédio moral quando realizado pelo chefe está associado ao assédio praticado pela equipe, pelos colegas, e também com as três dimensões que caracterizam a síndrome de burnout (exaustão emocional, cinismo e ineficácia). Já o assédio quando provocado por algum colega aumenta a relação da equipe como assediador, bem como, quando cometido pela equipe leva ao desenvolvimento do cinismo. Discussão: Os dados demonstram que o primeiro sintoma do burnout que surgiu nestes participantes foi o da ineficácia, tendo a exaustão emocional como crescente entre os trabalhadores, seguido por sinais de cinismo. A exaustão emocional pode levar a atitudes mais desumanas nas relações de trabalho. Os participantes indicam mobilizar estratégias para o seu enfrentamento, ainda que não estejam voltadas para a resolução de problemas, em sua maioria. Conclusão: Observa-se que há um processo de desgaste nas vivências de trabalho que podem ser advindas de relações de assédio moral sofridas, assim como das estratégias de enfrentamento a problemas utilizada pelo trabalhador, das quais podem prejudicar a saúde mental dos participantes. Tais resultados sustentam a necessidade de desenvolver ações, tanto preventivas e interventivas em saúde, para o maior controle do estresse e o uso de estratégias de enfrentamento adaptativas.

Referências Bibliográficas

Folkman, S., Lazarus, R. S., Gruen, R. J., & DeLongis, A. (1986). Appraisal, coping, health status, and psychological symptoms. Journal of personality and social psychology, 50(3), 571.

Leiter, M. P. & Maslach, C. (2006). Areas of Worlife Scale Manual. (4th Edition) Centre of Organizational Research & Development, Acadia University, Wolfville, NS, Canada.

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Sousa, I. F., Oliveira, V. C. B & Costa Neto, S. B. (no prelo). Validação da Escala de Assédio Moral no Trabalho.