11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Repercussões frente ao diagnóstico de câncer para homens e mulheres: um estudo comparativo

Resumo

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o câncer é um problema de saúde pública, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde anualmente ocorrem mais de seis milhões de óbitos, representando 12% das causas de morte no mundo. No Brasil, para 2016-2017, a estimativa é de 600 mil novos casos de câncer, sendo os mais frequentes o de próstata (61 mil) e o de mama (58 mil) em mulheres. Apesar dos constantes avanços científicos e tecnológicos, o câncer ainda é uma doença carregada de aspectos negativos. A vivência do diagnóstico pode promover sentimentos de raiva, tristeza, inquietação, ansiedade, angústia, medo da morte e luto. Pois, no caso das mulheres com câncer de mama, significa lidarem com representações relacionadas à mama, que frequentemente estão associadas à sexualidade, maternidade e feminilidade. Enquanto que os homens com câncer de próstata precisam lidar com as fragilidades, limitações e cuidados impostos pelo diagnóstico, como o medo da perda da masculinidade. Além disso, de modo geral, para ambos os sexos, um dos aspectos mais temidos é a dor, além do medo da morte e a consciência de finitude da vida. Tendo em vista isso, o presente trabalho objetivou identificar e descrever as repercussões do diagnóstico de câncer de próstata para homens, e de câncer de mama para mulheres, residentes em um município do interior goiano, na tentativa de compreender suas similaridades e diferenças. Para tanto, estabeleceu-se contato com um Núcleo Regional de Combate ao Câncer sediado no município onde os dados foram coletados. Posteriormente, os homens com câncer de próstata e as mulheres com câncer de mama cadastrados entre janeiro de 2014 e março de 2015 foram convidados para participar do estudo. O período escolhido foi definido a partir da perspectiva de que as conversas sobre o diagnóstico do câncer seriam muito mais presentes nas entrevistas quanto mais próximas as mesmas fossem realizadas da data de recebimento da notícia sobre a confirmação da doença. Realizou-se então uma pesquisa qualitativo-descritiva, com entrevistas semiestruturadas, que envolveu oito homens diagnosticados com câncer de próstata e oito mulheres diagnosticadas com câncer de mama. A análise das entrevistas resultou em três eixos temáticos: significados do processo saúde-doença-cuidado, o diagnóstico e, o tratamento e suas implicações. Os resultados evidenciaram que o diagnóstico de câncer, para ambos os grupos, despertou sentimentos de angústia, raiva, ansiedade, tristeza, medo da morte e questionamentos principalmente relacionados ao trabalho e à identidade pessoal, sendo que as formas encontradas para lidarem com todo esse sofrimento estiveram ancoradas principalmente na religiosidade/espiritualidade e na relação com amigos e familiares. Os dados produzidos pelo presente estudo convidam à reflexão sobre a necessidade de investir na produção de pesquisas capazes de gerar práticas de intervenção em saúde amenizadoras de sofrimento para os sujeitos acometidos pelo câncer.

Referências Bibliográficas

Brasil, Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2016: Incidência de câncer no Brasil. (2016). Recuperado em 25 nov. 2016, de < http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/index.asp?ID=1>
Ferreira, V. S, Raminelli O. (2012). O olhar do paciente oncológico em relação a sua terminalidade: ponto de vista psicológico. Rev. SBPH,15(1),101–113. Recuperado em nov. 2016, de < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rsbph/v15n1/v15n1a07.pdf>
Furtado, H. M. S, Rodrigues, S. C., Ferreira, C. B, Lima, T. F. (2016). Repercussões do diagnóstico de câncer de mama feminino para diferentes faixas etárias. Ciênc Saúde, 9(1), 8-14. Recuperado em nov. 2016, de < http://dx.doi.org/10.15448/1983-652X.2016.1.21813>
Gontijo, I. B. R., Ferreira, C. B. (2014). Sentimentos de mulheres jovens frente ao diagnóstico de câncer de mama feminino. Ciênc Saúde, 7(1), 2-10. Recuperado em nov. 2016, de < http://dx.doi.org/10.15448/1983-652X.2014.1.15488>
Guerra, M. R, Gallo, C. V. de, Mendonça, G. A. E. S. (2005). Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos pidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia, 51(3), 227–234.
Lione, F. R. D. (2008). Dor: aspectos médicos e psicológicos. In: V. A. Carvalho, M. H. P. Franco, M. J. Kovács, R. P. Liberato, R. C. Macieira, M. T. Veit, M. J. B. Gomes, L. H. C. Barros (Orgs.), Temas em Psico-oncologia (pp.294-302). São Paulo: Summus.
Modena, C. M., Martins, A. M., Gazzinelli, A. P., Almeida, S. S. L., Schall, V. T. (2014). Câncer e Masculinidades: Sentidos Atribuídos ao Adoecimento e ao Tratamento Oncológico. Temas em Psicologia, 22, 67–78. Recuperado em nov. 2016, de < http://doi.org/10.9788/TP2014.1-06>
Porto, S. M., Carvalho, G. B., Fernandes, M. J. M., Ferreira, C. B. (2016). Vivências de homens frente ao diagnóstico de câncer de próstata. Cienc Saúde, 9(2), 83-89. Recuperado em nov. 2016, de
Ramos, B. F., Lustosa, M. A. (2009). Câncer de mama feminino e psicologia. Rev SBPH, 12(1), 85–97. Recuperado em nov. 2016, de < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-08582009000100007&script=sci_arttext&tlng=es>

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida

Autores

Maira Julyê Mota Fernandes, Gabriela Borges Carvalho, Cintia Bragheto Ferreira