Título

Co-construindo o serviço de psicologia hospitalar: proposta de sistematização em Hospital Universitário

Resumo

INTRODUÇÃO: O movimento de expansão e consolidação da psicologia hospitalar aponta como imperativo a necessidade de organização, haja vista a precariedade na definição de parâmetros e critérios técnicos de atuação nessa área. Admite-se a relevância da proposição de instrumentos norteadores de operacionalização da prática do psicólogo hospitalar, enfatizando a perspectiva de normatização do processo de trabalho voltado à realidade institucional, construindo estratégias que fortaleçam a visibilidade e validação dessa especialidade. O referencial teórico utilizado foi a psicologia hospitalar e suas interfaces com a gestão da qualidade e acreditação hospitalar.
OBJETIVOS: Para tanto, este trabalho apresentou como objetivo contribuir para a organização do serviço de psicologia de um Hospital Universitário do interior do Nordeste.
METODOLOGIA: Assim, tratou-se de uma pesquisa qualitativa de caráter interventivo, que se utilizou da estratégia de grupo focal, somada aos instrumentos de formulários e diários de campo; com organização e interpretação pela perspectiva da análise de conteúdo.
RESULTADOS: Participaram da pesquisa quatro psicólogos da instituição, que apresentaram conteúdos distribuídos entre cinco categorias de análise: posicionamento do grupo; contribuições da sistematização para a prática; identidade psi e informalidade; impasses para a sistematização; descompassos entre assistência-tempo-gestão. Como produto dos encontros colaborativos, foi elaborado conjunto de recomendações técnicas composto por dezenove instrumentos distribuídos entre formulários, diretrizes, protocolos e fluxos para o serviço em questão.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: As reflexões originadas e os instrumentos co-construídos apontam para necessidade de disponibilidade ao trânsito entre assistência e gestão para consolidação de uma prática consistente e de qualidade. Foi enfatizada a importância de o profissional de psicologia hospitalar assumir-se enquanto ator político, responsável pela legitimação de sua prática a partir de discussões e proposições de mudanças que contribuam para o alcance do fortalecimento da categoria, a consolidação de práticas mais qualificadas e a eficácia nos resultados de sua ação. Mediante essa compreensão, o presente estudo reconheceu a relevância da proposição de parâmetros norteadores para operacionalização da atuação psicológica hospitalar, com vistas à construção de estratégias que fortaleçam a visibilidade e validação da área na região. Nesse ínterim, ações coordenadas de estruturação da prática sinalizam a possibilidade de rompimento com o imobilismo e isolamento institucional, proporcionando maior precisão no diálogo junto aos demais profissionais a ser possibilitado pela organização documental de rotinas.
CONCLUSÕES E/OU CONSIDERAÇÕES FINAIS: Concluiu-se que essa pesquisa abordou o caráter mobilizador da proposta de grupo focal, identificando a residência como elemento catalisador do protagonismo da equipe. A oportunização de reflexões acerca do próprio processo de trabalho apontou diversas possibilidades de compreensão sobre o saber-fazer em psicologia hospitalar, baseadas não apenas em determinações normativas, mas, principalmente, no movimento de dar-se conta da potência do coletivo na construção da prática psicológica. Partindo dessa perspectiva, a base documental apresentada como consequência desse processo de construção coletiva não trouxe o intento de apresentar-se como manual de práticas, mas sim, enquanto recomendações de possíveis parâmetros norteadores, sobre os quais a potência criativa é necessária para produzir o cuidado.

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