Título

Entre a infância e a vida adulta: o papel do psicólogo no atendimento de adolescentes vítimas de violência sexual no Programa de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual – CAISM/UNICAMP.

Resumo

Introdução: A violência sexual contra a mulher foi reconhecida como um problema de saúde pública na última década e, atualmente, é reconhecida como um problema de direitos humanos pela ONU, incluindo a violência emocional, física e sexual. Sua prevalência não é precisa, mas estudos populacionais mostram que afeta, aproximadamente, pelo menos um terço das mulheres alguma vez na vida. Acarreta diversas consequências sobre a saúde física, psicológica e ginecológica da mulher. As consequências psicológicas podem variar desde transtornos como depressão, fobias, ansiedade, uso de drogas ilícitas, tentativa de suicídio e síndrome de estresse pós-traumático, ou ainda, podem se apresentar como outras sequelas psicológicas, tais quais a cefaleia crônica, fadiga, transtornos do sono, pesadelos e transtornos do apetite. Embora qualquer mulher possa ser vítima de violência sexual em qualquer momento da vida, estudos apontam que mulheres mais jovens e adolescentes têm mais risco de sofrer este tipo de violência – principalmente se elas vivem com somente um dos pais ou com padrasto. É frequente, entre as adolescentes, que a primeira relação sexual ocorra sob o uso de força ou coerção. Objetivos: Discutir o papel do psicólogo no atendimento de adolescentes vítimas de violência sexual no Programa de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual – CAISM/UNICAMP. Metodologia: O Programa de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual foi instituído em 1993 no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (CAISM - Unicamp) e tem como premissa oferecer atendimento de emergência e ambulatorial multidisciplinar às adolescentes púberes e mulheres adultas vítimas de violência sexual. A Psicologia, atuante na equipe multidisciplinar, realiza atendimento psicológico imediato e/ou ambulatorial às mulheres e seus familiares, contando com uma psicóloga contratada e duas psicólogas do Programa de Aprimoramento Profissional da Faculdade de Ciências Médicas – FCM/UNICAMP. Resultados e Discussão: A experiência da violência sexual pode afetar o desenvolvimento das adolescentes de diferentes formas, seja no âmbito das relações interpessoais no contexto familiar e escolar, seja na saúde física, psicológica ou ginecológica. Entretanto, nota-se, que a reação parental frente a revelação do abuso e seu subsequente manejo da situação, faz-se importante mediador na forma como tal experiência se desenrolará na vida das adolescentes. Nesse sentido, a atuação do psicólogo não se limita à vítima da violência, mas se estende aos pais e/ou cuidadores da adolescente, como forma de estabelecer uma rede de apoio minimamente protetiva a seu desenvolvimento. Considerações Finais: O atendimento integral às adolescentes vítimas de violência sexual deve passar, portanto, pelo atendimento a seus pais e/ou cuidadores, estabelecendo-se para além do cuidado multiprofissional com a paciente. O atendimento dos pais e/ou cuidadores favorece um desenvolvimento psíquico mais sadio das adolescentes a medida em que trabalha sobre seus próprios temores, culpa e impotência frente a violência sofrida pela vítima. O papel do psicólogo é o de oferecer, portanto, um espaço de escuta que permita a ressignificação do momento traumático da violência não apenas para a vítima, mas igualmente para aqueles que a auxiliarão nesse processo de enfrentamento.

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