Título

UM ESTUDO SOBRE A DEPRESSÃO DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA E FAMILIARES

Resumo

A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em uma fase avançada da doença renal, caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. Essa perda acarreta um fracasso da capacidade do corpo em manter os equilíbrios metabólicos e hidroeletrolíticos, ocasionando a retenção de ureia e outros resíduos nitrogenados no sangue. Para o tratamento da DRC realiza-se geralmente a hemodiálise (processo que retira substâncias tóxicas e excesso de líquido do organismo), utilizando-se ainda, dieta e medicação. Diante disso, o paciente de DRC é exposto a fatores inerentes à terapêutica da síndrome renal, como: tempo gasto nas sessões de hemodiálise, constantes consultas médicas, exames laboratoriais, dietas e a expectativa de transplante. Destaca-se ainda, associado a estes, o alto período de hospitalização, que contribui para o surgimento da depressão desses pacientes e seus familiares. Nesse sentido, tendo-se em vista esta complexidade, este estudo tem como objetivo verificar a incidência de depressão em pacientes renais crônicos e seus familiares. Trata-se de um estudo descritivo/exploratório, com abordagem quantitativa, em que contou-se com uma amostra de 50 pacientes e 50 familiares, que responderam a um questionário sociodemográfico e a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Ressalta-se que dados coletados foram analisados por meio do pacote estatístico SPSS for Windows (Statistical Package for Social Sciences), versão 21.0. Os resultados apontaram para um índice de 20% de depressão nos pacientes, sendo 12% leve, 6% moderada e 2% grave. Esses percentuais aproximam-se de estudos desenvolvidos previamente, que podem indicar uma associação entre o impacto do diagnóstico da DRC e a tomada de consciência do tratamento da hemodiálise, predispondo-se esses pacientes a doenças psicoafetivas, como a depressão. Quanto aos familiares, o índice obtido fora de 46%, em que desses, 30% tinham sintomas leves de depressão, 10% moderados e 6% graves. Tais dados evidenciam que a presença da depressão nos familiares pode relacionar-se ao desgaste proporcionado pelo envolvimento afetivo e sobrecarga gerada pelas suas atividades de cuidados ofertadas aos pacientes em tratamento. Após verificar a prevalência de depressão, fez-se o teste U de Mann-Whitney, objetivando verificar se havia diferença significativa entre as médias dos pacientes e de seus familiares. Os resultados apontaram, com probabilidade associada de 0,02, um nível de depressão superior em familiares (mediana = 7) comparado aos pacientes (mediana = 5). Esses achados demonstram que apesar dos cuidadores não estarem acometidos pela DRC, esta, faz com que eles experienciem mudanças em seus estilos de vida, como, por exemplo, em hábitos alimentares e limitações nas suas vidas laborais, uma vez quem, esses cuidadores abdicam do trabalho, ou tentam associá-lo com o cuidado ofertado a seus familiares nas sessões de hemodiálise. Esta realidade, por suposto, impõe mudanças nos padrões de comportamento, podendo restringir também as atividades de lazer, desencadeando uma situação de sobrecaga psicológica. Face ao exposto, espera-se que esses resultados, possam contribuir na implementação de programas de políticas públicas voltados para a assistência não apenas do doente, mas também de sua família, uma vez que essa tem um importante papel no tratamento deste.

Referências Bibliográficas

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