O Teste das Pirâmides de Pfister e o Desenho da Figura Humana na Chuva em mulheres com HIV/aids – um estudo dos aspectos psicológicos e da imagem corporal
Atualmente, ainda que progressos significativos venham sendo realizados no combate à infecção pelo HIV, o número de novas contaminações voltou a crescer. Nunca se falou tanto sobre a cura quanto nestes últimos anos, mas ainda nada é efetivo. Embora a aids tenha se tornado uma doença essencialmente crônica, falar a respeito dela, ainda nos dias de hoje, não é como falar de uma doença qualquer, pois continua a ser, consciente e inconscientemente, associada ao prazer, ao sexo e à morte, provocando conflitos e contradições, e trazendo à tona questões que figuram fortemente no imaginário das pessoas. Este estudo tem como objetivo investigar a percepção da imagem corporal e dos aspectos psicológicos de pacientes mulheres, pertencentes ao ambulatório da Clínica de Infectologia do Hospital Heliópolis. Para tanto, vem sendo utilizado um Roteiro de Entrevista (elaborado e desenvolvido com questões especificas para o público alvo deste estudo, ou seja, mulheres com HIV/aids que fazem acompanhamento ambulatorial médico e psicológico regular na instituição), o Teste das Pirâmides de Pfister, e o Desenho da Figura Humana na Chuva – DFH Chuva (aplicado seguindo os princípios de Machover - DFH), cujos resultados estão sendo analisados conforme indicação dos instrumentais. Até o presente momento, os estudos apontam para características em comum entre estas mulheres, independente de suas condições sócio-econômico-culturais e profissionais, bem como o tempo de infecção e de tratamento da doença. As pacientes têm demonstrado similaridades quanto à percepção da imagem corporal e à psicodinâmica interna. Recursos defensivos primitivos tem sido os mais utilizados caracterizando a presença de disfunção da auto imagem corporal e um controle egóico rígido e frágil. Compreende-se que ser mulher soropositiva ainda é um processo que altera significativamente a percepção da auto imagem corporal e repercute não somente na questão da identidade, mas também na psicodinâmica destas. Observa-se que os programas de acompanhamento ao paciente HIV/aids devem considerar o quanto essas mulheres necessitam de ser acompanhadas em psicoterapia. A promoção de saúde deverá levar em conta não somente a melhora da qualidade de vida, mas também buscar compreender como estas mulheres lidam não somente com a sua auto imagem, mas também com as suas emoções, como se relacionam, de que forma exercem a sua sexualidade, como vão em busca de suas necessidades e o que lhes motiva e traz disposição para continuar. Para tanto, tem-se mostrado fundamental para o psicólogo conhecer muito bem a psicodinâmica destas pacientes, percebendo o quanto é estressante, e angustiante para estas mulheres, lidarem com a sua auto imagem, a sua sexualidade e as suas emoções.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida
Sandra Maria Muller