Sintomas depressivos e pensamentos suicidas em pacientes com câncer de mama: um relato de experiência.
Introdução: O câncer de mama é a neoplasia maligna responsável pelo maior número de óbitos de mulheres no Brasil e no mundo. Alterações físicas e psicológicas são evidentes após seu diagnóstico e, apesar da acessibilidade ao tratamento e das taxas de sobrevida terem aumentado significativamente nos últimos anos, o câncer continua a ser associado ao sofrimento e a um potencial risco de vida. A paciente se depara, nesse processo, com a possível perda de um órgão altamente investido de representações sobre a feminilidade e com o temor de uma doença incurável - o que invariavelmente resulta em sofrimento e, em muitos casos, alterações psicossociais e físicas, como a depressão. Estudos apontam a prevalência de depressão em 33% das pacientes com câncer de mama no primeiro mês de tratamento quimioterápico e, em 21% quando considerado o tratamento quimioterápico completo. Já os pensamentos suicidas foram detectados em 13% das pacientes que podem apresenta-los tanto na ocasião do diagnóstico (10%) quanto na recidiva do câncer (14%). Objetivos: Evidenciar a importância da atuação do psicólogo junto a pacientes sob tratamento de câncer de mama, que apresentem sintomas depressivos e/ou comportamentos suicidas, atendidas no ambulatório de câncer de mama e enfermarias oncológicas de um hospital universitário. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência a partir do trabalho realizado no Hospital da Mulher Dr. José Aristodemo Pinotti (CAISM – Unicamp) pela equipe de Psicologia da área de Oncologia. A equipe é composta por uma psicóloga contratada e duas psicólogas do Programa de Aprimoramento Profissional da Faculdade de Ciências Médicas – FCM/UNICAMP. Os atendimentos psicológicos ocorrem no ambulatório de câncer de mama e nas enfermarias oncológicas, através de encaminhamentos da equipe multiprofissional, demanda espontânea do paciente e/ou familiar e busca ativa do serviço mediante protocolos institucionais. Resultados e discussão: As pacientes sob tratamento de câncer de mama são submetidas a tratamentos dolorosos, que muitas vezes obscurecem a esperança pela cura. É comum que as pacientes nesse processo se apresentem com humor deprimido e numa busca constante pelo sentido da vida. Há muitos relatos sobre pensamentos suicidas como a “vontade de desistir do tratamento”, “vontade de sumir”, de “dormir para sempre”, de “não ser mais um peso para a família” ou de, explicitamente, dar fim a própria vida como forma de interromper as dores físicas e emocionais acarretadas pelo câncer. Nesse interim, o papel do psicólogo tem sido importante pois, além de prevenir e reduzir os sintomas emocionais causados pelo câncer e seus tratamentos, ainda tem permitido levar as pacientes a compreender o significado da experiência do adoecer, possibilitando ressignificações desse processo e fomentando a esperança num futuro com mais qualidade de vida. Considerações Finais: O espaço terapêutico, criado entre psicólogo e paciente, oferece uma escuta livre de julgamentos morais sobre a finitude da vida e as angústias oriundas do tratamento oncológico. Tal escuta permite que o psicólogo atue de forma a oferecer novas perspectivas sobre o futuro, incentivando a psicoterapia como um lugar facilitador do tratamento oncológico e, portanto, de extrema importância no cuidado hospitalar.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.2 Saúde Mental do Paciente, Família e Equipe
Unicamp - São Paulo - Brasil
Tatiane Mariani Ojeda Baez, Natália Vieira Santos, Ana Luiza Teixeira