Implementação da avaliação diária de risco psicológico em um hospital particular de pequeno porte em Salvador-BA:relato de experiência.
Introdução: O adoecer configura-se como um momento de crise e de perdas, no qual o indivíduo confronta-se com a fragilidade física do seu corpo e com uma potencial desorganização psíquica. O hospital é o local onde estas pessoas adoecidas chegam em situação de desamparo e sofrimento emocional, com a estabilidade da vida cotidiana rompida e com certezas que os sustentavam abaladas: identidade, saúde, trabalho, família, futuro. Nesse contexto, é fundamental a intervenção do psicólogo hospitalar no intuito de favorecer o uso de estratégias de enfrentamento diante do adoecimento, tratamento e hospitalização, minimizando o sofrimento psíquico. Para tanto, é necessário estabelecer critérios que identifiquem nos pacientes internados os riscos psicológicos (conjunto de sinais e sintomas que aumentam a probabilidade da ocorrência de agravo à saúde física/emocional), no intuito de assegurar que os mesmos sejam avaliados e assistidos pela psicologia de acordo com suas necessidades e demandas. Objetivos: Relatar o processo de implementação da avaliação de risco psicológico na rotina de um hospital particular de pequeno porte em Salvador-BA e de que forma tais mudanças impactaram na sistematização da assistência da psicologia nesse contexto. Metodologia: A fim de construir critérios para a sinalização de risco psicológico pela equipe multidisciplinar, foram identificados os motivos mais prevalentes da avaliação psicológica na instituição. A equipe de psicologia estabeleceu as manifestações emocionais mais comuns aos pacientes internados e disponibilizou para a enfermagem uma lista de critérios: sintomas de ansiedade exacerbada e/ou depressivos, alteração de comportamento exacerbada, ideação suicida, alteração de humor não coerente com contexto e má adesão que implique em risco de morte, que as norteasse na solicitação do especialista. Por meio de um relatório diário emitido por sistema associado ao instrumento, um psicólogo responsável priorizou a resposta a estas indicações feitas pela equipe de enfermagem. Resultados: Através desta ferramenta de triagem, foi possível direcionar o profissional para os pacientes com uma demanda real de atendimento, otimizando a efetividade do suporte ofertado aos mesmos. Além disso, tal implementação possibilitou um processo de educação continuada com equipe de enfermagem frente a identificação precoce dos riscos psicológicos no contexto hospitalar. Discussão de resultados: Atuar precocemente nestes casos, intervindo na mobilização de recursos de enfrentamento de forma antecipada, também possibilitou que o psicólogo abordasse o paciente em condições de menor nível de angustia e urgência subjetiva, permitindo atuação mais favorável à minimização de sofrimento psíquico. O instrumento possibilitou uma triagem mais eficaz dentro de uma instituição na qual o dimensionamento de profissionais sobre o risco psicológico é reduzido e, por isso, alguns pacientes com sintomatologia relevante têm sua avaliação postergada. Conclusão: O estabelecimento de critérios de alterações psíquicas e a necessidade de preenchimento de um formulário pelos profissionais de enfermagem fez com que estes ficassem mais atentos às alterações emocionais e percebessem as repercussões de subestimar tal condição. Observou-se que a equipe aumentou a consideração os aspectos psíquicos no processo de adoecimento e hospitalização, gerando uma assistência mais integral ao paciente e sua família.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.2 Saúde Mental do Paciente, Família e Equipe
Hospital Cárdio Pulmonar - Bahia - Brasil
Juliana Susin Castro, Patrícia Carvalho Cançado Moura, Mariana Rocha Cordeiro