11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título do Simpósio

Perspectivas de atuação psicológica em diferentes contextos da cronicidade

Resumo Geral do Simpósio

A gradual e constante inversão da pirâmide etária no Brasil vem resultando no aumento do número de casos de doenças crônicas como neoplasias, cardiopatias, neuropatias e doenças renais crônicas. Concomitante a este fenômeno, há um crescente avanço em novas tecnologias e inovações médicas e farmacológicas que contribuem para o prolongamento de tratamentos de doenças com prognóstico reservado. Atualmente doenças que há poucas décadas não possuíam tratamento efetivo hoje contam com uma gama de técnicas e intervenções que buscam prolongar a expectativa de vida de seu portador. As doenças crônicas têm como característica a duração indeterminada, com curso imprevisível e origem multifatorial. Resultam em mudanças importantes no estilo de vida do seu portador e demandam cuidados multiprofissionais contínuos. Influencia diretamente na qualidade de vida, convívio social, independência, capacidade laboral e, muitas vezes, em funções cognitivas e/ou motoras. Podem gerar sintomas emocionais e estratégias de enfrentamento desadaptativas, como negação excessiva, dificuldade de adesão ao tratamento, sintomas de ansiedade e depressão e isolamento social. Exige constante readaptação às mudanças inesperadas decorrentes do diagnóstico e a possíveis efeitos colaterais oriundos do tratamento, tanto para o paciente quanto para familiares e/ou cuidadores. Estes vivenciam de forma muito intensa o tratamento do familiar, muitas vezes com repercussões importantes em suas próprias rotinas, uma vez que os cuidados demandam muito tempo e atenção. Cada diagnóstico pode gerar atravessamentos em maior ou menor intensidade em diferentes aspectos de vida do paciente. O trabalho do psicólogo da saúde exige avaliação contínua do sofrimento psíquico, físico e social, buscando intervir de forma global e individualizada. Desta forma, apesar do paciente portador de uma doença crônica ter um perfil psicológico e reações emocionais esperadas e já conhecidas e discutidas na literatura científica, a avaliação psicológica deve considerar as particularidades do sujeito, bem como as do diagnóstico em questão. Considera-se na avaliação psicológica também a fase do ciclo vital, vivências prévias de doenças pessoais e na família, rede social e familiar e exame do estado mental. Assim, exige constante estudo e aprimoramento do psicólogo atuante na área, de forma que se estabeleça uma linha de cuidado global e assertiva. Apesar da doença física já estar instaurada, o psicólogo tem a possibilidade de atuar na perspectiva da prevenção. Sua atuação, feita de forma efetiva e bem embasada, pode prevenir que o portador da doença crônica desenvolva sintomas e transtornos mentais mais graves e severos, e possa fortalecer suas estratégias adaptativas para enfrentar sua nova condição. Igualmente importante no tratamento do doente crônico é a abordagem multiprofissional. Uma vez que o diagnóstico e tratamento de uma doença crônica influenciam em diversos aspectos da vida de seu portador, pressupõe-se que a assistência de profissionais de diferentes áreas da saúde é imprescindível para resultar na melhora de todos os fatores afetados, sejam estes de ordem física, emocional ou social.

Nome do Autor 1 e Moderador / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Carolina Villanova Quiroga
Título: O diagnóstico oncológico infanto-juvenil e a assistência psicológica aos diferentes tipos de lutos
O diagnóstico e o tratamento oncológico afetam diretamente o bem estar biopsicossocial-espiritual do paciente e de seus familiares. Vem acompanhado de mudanças importantes no cotidiano, que podem resultar em prejuízos de ordem social e sintomas emocionais. Especialmente o diagnóstico infanto-juvenil é percebido como uma vivência traumática que afeta intensamente não só o paciente, mas seus familiares. Resulta no afastamento do convívio escolar e familiar, perda da autonomia e abalo da imagem corporal, interferindo diretamente no desenvolvimento psicossocial. Presume-se uma série de procedimentos invasivos que podem resultar em cicatrizes, dores e outros sintomas físicos. Desta forma, entende-se que o diagnóstico oncológico na infância e adolescência resulta em vivências de perdas, reais ou simbólicas, que se caracterizam como lutos. Estes se manifestam de diferentes formas, como na perda da autonomia, na mudança do cotidiano e da imagem corporal, até a possibilidade de enfrentamento da impossibilidade de cura e progressão da doença até terminalidade e óbito. A forma de enfrentamento do paciente esta diretamente ligada à suas experiências prévias, bem como sua fase do desenvolvimento, contribuindo para que apresente mais ou menos mecanismos adaptativos. A psico-oncologia é uma área de atuação multiprofissional que contempla em seu corpo assistencial e teórico as variáveis sociais e emocionais oriundas do diagnóstico e tratamento do câncer. Buscam-se possibilidades de intervenções psicológicas, focando no fortalecimento das estratégias adaptativas do paciente e na promoção da qualidade de vida. Avalia-se cada caso individualmente, buscando dispor de práticas assertivas, considerando as particularidades do diagnóstico, tratamento e fase do desenvolvimento.

Nome do Autor 2 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Marina Barcellos Barbosa
Título: Adesão ao tratamento e a importância da equipe multiprofissional na atenção aos pacientes renais crônicos em hemodiálise
O conceito de Adesão ao Tratamento vem passando por modificações e discussões quanto a sua compreensão, indo ao encontro da nova ótica de cuidado multidisciplinar. Atualmente é descrita como um processo multidimensional e conceituada como o grau em que os comportamentos do indivíduo correspondem e concordam com as recomendações do profissional da saúde. Nesse sentido, entende-se que fatores relacionados à doença, ao tratamento, ao paciente, a aspectos físicos, sociais, culturais, psicológicos, econômicos e institucionais corroborem para influenciar positiva ou negativamente comportamentos de aderência. Dentro dessa nova ótica, os conceitos de adesão reconhecem e fortificam a vontade do indivíduo e a necessidade de participar ativamente de seu tratamento. No que tange a Insuficiência Renal Crônica (IRC), o cuidado à aderência deve ser minucioso, devido à complexidade da doença, as exigências do tratamento e as mudanças advindas ao longo do tempo para os pacientes em hemodiálise. Estudos apontam para uma quantidade significativa de pacientes que apresentam dificuldade em aderir ao tratamento dialítico. Dentre os diversos fatores dificultadores da adesão à hemodiálise, destacam-se: dieta limitada, restrição hídrica, esquema medicamentoso complexo, acesso aos serviços, dor física e sofrimento emocional, baixo apoio familiar/social, transtornos mentais e baixo nível de conhecimento sobre a doença. Por abranger diversos aspectos, o trabalho em equipe multidisciplinar se faz essencial no cuidado dos pacientes em hemodiálise. Dados da literatura colocam que pacientes orientados por uma equipe multidisciplinar coesa e integrada se tornam mais conhecedores de sua patologia, mais vinculados a equipe e, consequentemente, possuem mais subsídios para aderir ao tratamento.

Nome do Autor 3 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Natália Ramos
Título: O papel do psicólogo da saúde frente à sexualidade de pacientes com Insuficiência Renal Crônica
Sexualidade, contrariamente ao que pressupõe o senso comum, não se refere apenas ao ato sexual. Seu conceito contempla também a identidade e papel de gênero, prazer, erotismo, intimidade e reprodução, e se constrói conforme a mesma é experenciada pela pessoa ao longo da vida. Sendo este um processo complexo, a convivência com alterações na vida diária advindas do tratamento de uma doença crônica resulta em modificações importantes na forma como o paciente a percebe e vivencia. A forma de regulação da sexualidade tem variado ao longo do tempo, dependendo do que o indivíduo considera qualidade de vida para si. Os pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica (IRC) passam por um processo de adaptação psicológica para que seja possível o enfrentamento da doença. Porém, quando consideram a sexualidade como parte importante da sua qualidade de vida, encontram dificuldades que os impedem de manter seu bem-estar e satisfação pessoal. Homens e mulheres com IRC podem sofrer de problemas na função sexual, associadas frequentemente à falta de libido, redução da fertilidade, uremia e a possibilidade de disfunção erétil. Os portadores de IRC podem sofrer alterações nas fases da resposta sexual, desejo, excitação, orgasmo e resolução, resultando na falta de interesse pela atividade sexual, principalmente quando há relato de dor. As dificuldades sexuais de doentes crônicos podem ser amenizadas de diversas maneiras. Para tanto é preciso que se fomente a discussão do tema junto dos profissionais de saúde, possibilitando esclarecer questionamentos, uma vez que a sexualidade ainda é pouco discutida abertamente na nossa cultura.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida

Instituições

Núcleo SBPH/RS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Carolina Villanova Quiroga, Marina Barcellos Barbosa, Natália Ramos