ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NA ORTOPEDIA FEMININA: RELATO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO INTERIOR DE RONDÔNIA.
Introdução: O hospital, assim como a Psicologia, subdivide-se em diversas áreas/alas. A ortopedia visa, especificamente, o tratamento de lesões ósseas, como fraturas e deformidades. A hospitalização nesta ala implica em uma interrupção abrupta na vida do paciente, que pode desencadear alterações psicológicas, como quadros de estresse, decorrente da dor intensa, medo do desconhecido, ansiedade frente cirurgias, preocupações com trabalho e família – requerendo intervenções interdisciplinares, tanto de profissionais da área da medicina/enfermagem quanto da psicologia. Isto posto, este trabalho objetiva apresentar uma experiência de estágio supervisionado realizado na ortopedia feminina de um hospital público da cidade de Cacoal, interior do Estado de Rondônia. Metodologia: Com base na literatura da área, elaborou-se um protocolo de triagem psicológica, visando, além do levantamento de dados sociodemográficos e motivo da internação, identificar aspectos psicológicos e emocionais decorrentes do processo de internação/hospitalização e tratamento. As intervenções foram realizadas por 03 estagiárias e uma preceptora/psicóloga junto as pacientes da ortopedia feminina; o estágio foi realizado entre os meses de agosto-novembro 2016, duas horas por semana. Procedimentos: Primeiramente realizava-se o levantamento dos dados via prontuários e coleta de informações com a equipe, seguidos de triagem beira leito com as pacientes e acolhimento e orientações aos acompanhantes que necessitavam. Resultados: Foram atendidas 60 mulheres, com média de idade de 58 anos; as fraturas com maior incidência foram no fêmur 35%, seguidas de 20% no joelho, 15% tíbia, 10% rádio e 10% quadril. Destaca-se maior incidência de fraturas em idosas (60%), decorrentes de “acidentes domésticos”; nas pacientes mais jovens, as internações eram decorrentes de brigas e acidentes automobilísticos. As intervenções realizadas pelas estagiárias foram: triagem psicológica beira leito, escuta analítica e psicoeducação voltada para enfrentamento do quadro clínico e manejo de situações estressoras imediatas (no hospital) e externas (família e/ou trabalho); resposta à interconsultas, escrita no prontuário e discussão de caso com a equipe. Discussões: Discute-se o papel do psicólogo no hospital, como um todo, com ênfase na ortopedia, dada a escassa produção científica nesta área; problematiza-se como agravantes, a carência de atendimento interdisciplinar e a qualidade dos cursos de Psicologia no que tange ao preparo do futuro profissional para a prática hospitalar. Destaca-se ainda que os pacientes da ortopedia têm que lidar com a possibilidade de cirurgias, risco de amputações e de terem que se reorganizar, já que existe uma fratura no seu corpo (e em seu cotidiano). Considerações: Estagiar nesta ala evidenciou a urgência de profissionais da Psicologia no hospital (que conheçam, de fato, suas atribuições), bem como a necessidade de projetos interdisciplinares humanizados, voltados para redução dos impactos psicológicos da hospitalização e prevenção de quadros psicopatológicos comórbidos, além de auxiliar o paciente no enfrentamento e adaptação da sua condição física, paralelamente ao cuidado com sua saúde mental. Ressalta-se a importância de preceptores in loco, que visem subsidiar a formação dos estudantes de Psicologia e fomentar a consolidação desta prática por intermédio de condutas eficazes e éticas sustentadas em procedimentos interdisciplinares adaptados às necessidades do contexto hospitalar.
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2. Universalidade, Equidade e Integralidade em Saúde - 2.2 Interdisciplinaridade na Formação e Atuação Profissional
Leila Gracieli Da Silva, Dirce Barbosa Farias, Leidiane Silva Serafim, Vanessa Plácido Maestá