O IMPACTO DO DESEJO NO CONSUMO ALIMENTAR DE PACIENTES EM HEMODIÁLISE: O PAPEL DA PSICOLOGIA
INTRODUÇÃO: Tem-se na literatura que a função da alimentação extrapola a mera ingestão de nutrientes, mas se faz também por aspectos comportamentais, afetivos, sociais e culturais. Desta forma, sabe-se que para a adesão aos planos alimentares propostos, recursos psicológicos para a adaptação e enfrentamento para essas condições dietéticas são exigidos. No caso de pacientes com doença renal crônica (DRC), estes demandam um cuidado nutricional específico, principalmente no que tange a ingestão de minerais, nutrientes e líquidos, com atenção aos valores laboratoriais relacionados à nutrição, principalmente quanto a ingestão de potássio, fósforo, sódio, proteína, lipídios e vitaminas, a interação possível entre medicamentos e alimentos. OBJETIVO: implantação do formulário de avaliação do perfil sociodemográfico de pacientes com DRC, acompanhados no Ambulatório de Hemodiálise do Hospital de Clínicas de Uberlândia, da Universidade Federal de Uberlândia, afim de obter-se informações que contribuam para o atendimento multiprofissional destes pacientes. METODOLOGIA: foi utilizado um formulário composto por trinta e sete questões, dentre questões de múltipla escolha e questões abertas. Todos os pacientes do ambulatório, presentes na data da investigação, foram abordados. RESULTADOS: neste apresentar-se-á somente alguns resultados obtidos, em função da adequação ao proposto no resumo. Dentre estes, 87% dos pacientes foram avaliados, com média de idade de 54 anos, sendo 54% do sexo feminino e 46%, masculino. São naturais de Uberlândia apenas 32% dos pacientes, porém 90% residem nesta cidade. Quanto a atividade laboral, apenas 7,3% são ativos, 24,4% inativos e 68,3% aposentados. Verificou-se na maioria baixa escolaridade, sendo 56% casados, com renda média de 1 a 3 salários mínimos, 78%. Quanto a classificação dos hábitos alimentares, 29% consideram como ótimos, 49% como bons e 32% como regulares e não houve classificação como ruins. Segue orientações nutricionais, 15% nunca, 2% raramente, 20% às vezes, 29% muitas vezes e 34% sempre. 51% justificam que o desejo é o motivo para não seguirem sempre as orientações nutricionais. A maioria dos pacientes, 48%, tem entre 1-3 anos e 4-6 anos de diagnósticos de DRC, 24% para cada intervalo. Quanto ao transplante, 66% não realizaram, 34%, sim, e 34% estão aguardando este procedimento. A classificação do estado nutricional dos homens adultos foi: 8,3% com desnutrição leve, 66,7% eutróficos e 25% com sobrepeso. Das mulheres adultas foi: 13,3% com desnutrição leve, 46,7% eutróficas, 6,6% com sobrepeso, 27,7% com obesidade grau I e 6,6% com obesidade grau II. Dos homens idosos foi: 25% com baixo peso, 50% eutróficos e 25% com excesso de peso. Das mulheres idosas, 40% com baixo peso, 40% eutróficas e 20% com excesso de peso. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: apresentaram como justificativa para o não cumprimento, total ou parcial, das orientações nutricionais, quanto a ingestão de alimentos, o DESEJO.CONSIDERAÇÕES FINAIS: a partir do exposto, fica evidente a relevância do serviço de Psicologia para pacientes com DRC, pois os mesmos apresentam demandas de adaptação quanto aos planos alimentares propostos. Ou seja, a satisfação do DESEJO ultrapassa o aspecto nutricional e assenta no campo psicológico, cabendo as devidas intervenções psicológicas para o bem-estar do paciente e sua qualidade de vida.
PINHEIRO, A.; RECINE, E.; CARVALHO, M. de F. O que é uma alimentação saudável: considerações sobre o conceito, princípios e características: uma abordagem ampliada. Ministério da Saúde,Brasília, 2005. Disponível em:
MAHAN, L.K., STUMP, S.E. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia / L. Kathleen Mahan, Sylvia Escott-Stump, Janice L. Raymond; [tradução Claudia Coana et al.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
PASCOAL, M, et al. A importância da assistência psicológica junto ao paciente em hemodiálise. Rev. SBPH [online], v..12, n.2, pp. 2-11, 2009.
RESENDE, M, C, de et al. Atendimento psicológico a pacientes com insuficiência renal crônica: em busca de ajustamento psicológico. Psicol. clin. [online], v.19, n.2, pp.87-99, 2007.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida
Márcia Oliveira Prata, Andressa Cardoso Guimarães, Karine Almeida Silva