11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Características Sociodemográficas, Apoio Social e Adesão ao Tratamento de Pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica em uma Unidade de Saúde de Porto Alegre

Resumo

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada um problema crítico de saúde pública, sendo uma das causas de maior redução de qualidade e expectativa de vida. Entretanto, estima-se que menos de 50% dos pacientes sejam aderentes às propostas terapêuticas. O apoio social tem demonstrado ser fator importante em comportamentos relacionados à saúde e adesão ao tratamento nestes pacientes. Neste estudo, objetivou-se verificar as caraterísticas sociodemográficas, de apoio social e adesão ao tratamento de pacientes hipertensos de uma unidade de saúde da família de Porto Alegre. Para avaliação das variáveis sociodemográficas, foi utilizado um questionário com perguntas fechadas, elaborado pelas pesquisadoras para este estudo. O questionário abordava questões gerais sobre a saúde, contexto social e sobre o quadro de HAS. Para a avaliação do apoio social, foi utilizado o Questionário de Apoio Social (Gracia, Herrero & Musitu, 2002). A fim de verificar o índice de adesão do tratamento foi utilizada a Escala de Adesão Terapêutica de Oito Itens de Morisky. Participaram desta pesquisa 26 pacientes, dos quais 80,77% eram mulheres com média de idade de 62,96 anos. A maior parte dos entrevistados tinha ensino fundamental completo (80,77%) e estava aposentada (54,85%). Apesar de estarem em tratamento para a enfermidade e terem realizado mudanças significativas em seus hábitos após o diagnóstico (96,15%), constatou-se que 30,77% possuíam controle da pressão arterial e índices médios de adesão ao tratamento, 38,46%. Dentre os aspectos relacionados ao apoio social, foram analisados o Índice de Integração Comunitária, o qual a maioria dos participantes possuía nível médio, 53,85%, o mesmo se repetindo no Índice de Participação Comunitária, 57,69%. Níveis médios também foram encontrados no Índice de Apoio Social em Sistemas Informais, 57,69% e Índice de Apoio Social em Sistemas Formais, 53,85%. A partir dos resultados obtidos, ainda que estes representem uma pequena amostra em relação ao número de pacientes do território selecionado para o estudo completo, chama a atenção que a maioria dos hipertensos entrevistados não possuía controle da pressão arterial (PA), apesar de estarem em tratamento para a enfermidade e terem realizado mudanças em seus hábitos após o diagnóstico, o que reflete em uma pequena taxa de tabagistas (30,77%) e pacientes que consomem álcool com frequência (7,69%). No que se refere ao suporte social, percebe-se a amostra bastante homogênea, referindo sentir-se parcialmente apoiada nas dimensões analisadas. Tal dado pode refletir nos níveis de adesão ao tratamento, já que o número de pacientes que aderem as propostas terapêuticas é semelhante ao que não adere ou adere parcialmente. Sendo assim, esses dados sugerem a necessidade de implementação de estratégias de saúde pública visando à promoção à saúde, em uma abordagem relativa a hábitos e estilos de vida reduzindo a exposição a fatores de risco a fim de prevenir agravos da HAS. Nesse sentido, destaca-se a importância de equipe multiprofissional na atenção básica para controle da doença e implementação de modelos de estratégias individuais e coletivas para melhor controle da PA e qualidade de vida, levando em consideração o vínculo desta com a comunidade e sua diversidade.

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Área

2. Universalidade, Equidade e Integralidade em Saúde - 2.3 Articulação e Rede de Atenção à Saúde

Instituições

Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Annelise Souza dos Santos, Mariana Calesso Moreira