GRUPOS COM “ACOMPANHANTES” DE PACIENTES INTERNADOS EM UMA ENFERMARIA DE CIRURGIA: UMA MODALIDADE TERAPÊUTICA
INTRODUÇÃO: Este trabalho propõe apresentar a experiência com grupos de acompanhantes de pacientes internados em uma enfermaria de cirurgia, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Essa enfermaria é composta de 59 leitos que recebe pacientes das especialidades de ortopedia, traumatologia, neurologia e urologia, em fase pré e pós- operatória. Os mesmos são acometidos por politraumas, fraturas, amputações traumáticas de membros, tumores, acidentes vasculares cerebrais, entre outros. Desta forma, esses pacientes vivenciam profundos sentimentos de dor e angústia ao passarem de um estado de saúde para uma situação de enfermidade, hospitalização e muitas vezes com risco de vida. Além disso, a própria situação de internação já é em si motivo de grande apreensão e sofrimento, pois representa um afastamento daquilo que é familiar e conhecido, resultando em sentimentos de isolamentos, abandono e rompimento de laços afetivos, sociais, profissionais, dentre outros. Por outro lado, os acompanhantes e familiares também sofrem mudanças importantes e conflitos emocionais relevantes por mobilização de angústias, medos, sofrimentos, dúvidas e incertezas quanto à evolução do tratamento e prognóstico. OBJETIVO: Neste contexto, verificamos a importância de promover um trabalho em grupo junto a esses acompanhantes, como recurso terapêutico de suporte e apoio com o objetivo de minimizar o impacto sofrido com a doença e internação, para desta forma provocar efeitos favoráveis aos cuidados destes para com o paciente. Ademais, a literatura de saúde Mello Filho (1992), Zimerman (2000), Simonetti(2004; 2015), Klüber-Ross(2005) tem apontado para a importância dos grupos terapêuticos como forma de democratização dos atendimentos, privilegiando não só questões intrapsíquicas, mas também as relações psicossociais e equipe multiprofissional. METODOLOGIA: Os grupos são realizados no espaço da própria enfermaria, quinzenalmente com duração de uma hora. A coordenação do trabalho é feita pela psicóloga e psicopedagoga. Os acompanhantes são convidados a participarem do grupo onde são trabalhados conteúdos emergentes, possibilitando intervenções que propicie a reflexão e busca de recursos, internos e externos, para lidarem com a situação e a condição de acompanhantes. Os temas levantados nos grupos são relacionados ao processo do adoecimento e hospitalização, sobretudo aos referentes à vida, a dor e ao tão temível encontro com a finitude humana. RESULTADOS: O resultado do trabalho com esses grupos tem sido a observação do aumento da percepção de que são compreendidos (acompanhantes) em sua dor, minimizando o desamparo, e, ainda, levando-os a se sentirem acolhidos, diminuindo a angustia e estresse possibilitando assim, uma melhor qualidade na assistência ao paciente. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: O grupo terapêutico tem propiciado trocas de experiências entre os acompanhantes, por meio de um espaço acolhedor onde são ouvidas suas angústias, temores, tensões e outros sentimentos suscitados e compartilhados, pelo momento vivido. Observa-se ainda uma diminuição das demandas de atendimentos psicológicos e sociais individuais. CONCLUSÕES: Concluímos que o trabalho grupal tem sido salutar para a diminuição do sofrimento intrapsíquico e das tensões interpessoais geradas no contexto hospitalar corroborando assim à atenção integral do pacientes/acompanhantes e equipe de profissionais.
KÜBLER- ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
MELLO FILHO, J. de. (org). Psicossomática Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas sul, 1992.
SIMONETTI, Alfredo. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
SIMONETTI, Alfredo. Psicologia hospitalar e psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2015.
ZIMERMAN, David E. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2 ed. Porto Alegre: Artmed , 2000.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais - Brasil
Márcia Oliveira Prata, Pérsia Karine Rodrigues Kabata Ferreira