A prática da Psicologia Hospitalar em um serviço de referência em Gestação de Alto Risco em uma maternidade-escola do Nordeste do Brasil
Introdução: A prática da Psicologia Hospitalar na Obstetrícia deve considerar a complexidade de fatores que atravessam a gestação, sobretudo de alto risco, tendo em vista a mudança de expectativas da gestante diante do adoecimento e hospitalização e as transformações vivenciadas pela mulher no ciclo gravídico-puerperal. O psicólogo pode favorecer a reorganização e adaptação da gestante à gravidez de alto risco, parto e puerpério, envolvendo ações terapêuticas, preventivas e de promoção de saúde, a partir do diálogo entre os profissionais do serviço. Objetivo: Apresentar a construção da prática da Psicologia Hospitalar em um serviço de referência em Gestação de Alto Risco na Maternidade Escola Januário Cicco, localizada no município de Natal-RN. Metodologia: A enfermaria é composta por 22 leitos e acolhe mulheres diagnosticadas comumente com hipertensão, diabetes gestacional, infecção urinária, entre outros. As usuárias, com frequência, apresentam dificuldades de adesão ao tratamento, uma vez que estão distanciadas de seus contextos sociais, fragilizadas emocionalmente, ansiosas pela alta e/ou parto. Resultados: Diariamente, é realizada a ronda com objetivo de acolher as novas pacientes, por meio de avaliação cognitiva e psicossocial, investigando acerca da história reprodutiva e gestacional, bem como sobre o processo de hospitalização. São realizados também orientações (individuais e em grupo) e atendimentos a familiares e/ou acompanhantes acerca da rotina hospitalar e papel do acompanhante. As principais demandas psíquicas encontradas giram em torno do medo e da dificuldade de compreensão sobre os procedimentos hospitalares; entraves na comunicação equipe-paciente; ansiedade pela alta hospitalar; dificuldades de adaptação à hospitalização e queixas relacionadas ao compartilhamento de espaços entre pacientes e acompanhantes. A equipe de psicologia busca ainda desenvolver um trabalho interdisciplinar por meio de atividades coletivas que visam o protagonismo da usuária no processo do cuidar de si, da família e do seu entorno. Ao longo de 2016, foram realizadas 16 oficinas de atividades expressivas e manuais; 5 atividades lúdico-recreativas; 7 atividades de educação em saúde sobre Aleitamento Materno e 34 rodas de conversa temáticas (planejamento familiar, cuidados ao recém-nascido, DSTs, violência, etc). Obteve-se o total de 768 participações de pacientes e acompanhantes nas atividades propostas com a colaboração de 213 participações de profissionais da equipe, residentes e alunos de graduação das diversas áreas. Discussão dos resultados: A atuação da psicologia possibilita que a paciente reflita sobre sua condição clínica, elabore possíveis estratégias de enfrentamento e atribuam novos significados para suas experiências. Considerando a complexidade das demandas e tendo em vista um cuidado integral, é preciso ressaltar a importância da atuação em equipe interprofissional, valorizando o diálogo entre a psicologia e outras profissões. Considerações finais: No contexto da hospitalização na gestação de alto risco, é importante que a psicologia atue para acolher as diversas demandas apresentadas, abrindo um espaço de escuta e reflexão sobre vivências de hospitalização, considerando a singularidade de cada paciente. Além disso, a partir da troca dialógica horizontalizada, promove a autonomia, empoderamento e emancipação da paciente, possibilitando a participação ativa das gestantes nos cuidados em saúde.
Palavras-chave: Psicologia hospitalar; Gestantes de alto risco; Cuidado integral; Maternidade Escola; Atuação interprofissional.
5. Novas Tecnologias, Gestão e Formação em Psicologia Hospitalar e da Saúde - 5.4 Implantação de Serviços de Psicologia no Hospital Geral
Janine Conceição de Araújo e Silva, Robson Michel Berto da Silva, Caroline Araújo Lemos Ferreira, Mariana Carvalho Da Costa