AUTOCONTROLE E CARGA DE TRABALHO: FREQUÊNCIA E INTENSIDADE DOS SINTOMAS PSICOSSOMÁTICOS
Introdução: Leiter e Maslach (2006) descrevem a Vida no Trabalho composta dos seguintes aspectos: carga de trabalho, controle, recompensa, comunidade, justiça e valores (organizacionais e do trabalhador). Este estudo teve como foco os aspectos controle e a carga de trabalho, avaliando se estes podem levar ao desenvolvimento de sintomas psicossomáticos. Para Folkman e Lazarus (1980) controle são esforços de regulação dos próprios sentimentos e ações. Graças e Sousa (2016) conceitua a carga de trabalho como a soma das atividades realizadas nos âmbitos físico e psíquico, do ambiente laboral, relacionadas a organização e execução das tarefas e as relações que por elas são permeadas. Maslach, Shaufeli e Leiter (2001), afirmam que o papel conflitante, a perda de controle sobre seu fazer, a ausência de suporte social e a sobrecarga são os principais estressores presentes na organização do trabalho que induz ao adoecimento dos trabalhadores. Para Lipp e Novaes (2000) quando o indivíduo sente que as tensões diárias são maiores do que pode suportar e lidar, o stress se desenvolve levando o trabalhador a desenvolver diferentes sintomas psicossomáticos. Objetivos: analisar a correlação entre carga de trabalho, controle e sintomas psicossomáticos (frequência e intensidade) em trabalhadores da área de saúde. Metodologia: participaram deste estudo 110 trabalhadores de um hospital Goiano. Foram aplicadas: Escalas de Qualidade de Vida no Trabalho, (Leiter & Maslach, 2006), e Escala de Sintomas Psicossomáticos (Sousa, Oliveira & Costa Neto, no prelo). Iniciou-se a pesquisa com a aprovação do projeto (Comitê de Ética de Pesquisa da PUC Goiás, parecer n. 1.128.691). Resultados: Os resultados encontrados, neste estudo, apontam que quanto maior nível de controle o indivíduo tem, maior carga de trabalho ele consegue suportar (r=0,327; p< 0,001), ele desenvolve menos sintomas psicossomáticos (r=-0,349; p< 0,001) com menor intensidade (r=-0,428; p< 0,001). Os dados demonstram que uma alta carga de trabalho (r=0,327; p<0,001) gera aumento na frequência (r=-0,480; p<0,001) e também na intensidade (r=-0,537; p<0,001) de sintomas psicossomáticos. A intensidade dos sintomas psicossomáticos vivenciados pelos indivíduos apresentou estar diretamente relacionada com baixo controle (r=-0,428; p<0,001) e com altas cargas de trabalho (r=-0,537; p<0,001). Discussão: Mediante estes resultados é possível identificar que o autocontrole do trabalhador é crucial para a manutenção da sua saúde mental. Quando o trabalhador percebe que possui controle sobre seu trabalho diminui as possibilidades de desenvolver sintomas psicossomáticos, e se há presença de sintomas psicossomáticos, eles são vivenciados de forma mais branda. A carga de trabalho é vivenciada como suportável quando o trabalhador sente possuir maior controle sobre suas atividades laborais, desta forma também diminuindo a frequência e a intensidade dos sintomas psicossomáticos. Conclusão: a partir destes resultados conclui-se que o sentimento de autocontrole do trabalhador acerca de todos os fatores organizacionais e pessoais envolvidos em sua atividade laboral é imprescindível para o estado de sua saúde mental. Mostrando-se necessário que as organizações de saúde utilizem uma gestão que promova nos trabalhadores sentimento de autonomia e autocontrole, de forma que estes percebam sua carga de trabalho sustentável e assim, atenda às necessidades organizacionais sem adoecer os funcionários.
Folkman, S., & Lazarus, R. S. (1980). An analysis of coping in a middle-aged community sample. Journal of health and social behavior, 219-239.
Graças, M. K. ; Sousa, I. F. Vida no Trabalho e o Desenvolvimento de Sintomas Psicossomáticos na Saúde Mental. In: II Congresso de Ciência e Tecnologia da PUC Goiás, 2016, Goiânia. Vida no Trabalho e o Desenvolvimento de Sintomas Psicossomáticos na Saúde Mental, 2016.
Leiter, M. P. & Maslach, C. (2006). Areas of Worlife Scale Manual. (4th Edition) Centre of Organizational Research & Development, Acadia University, Wolfville, NS, Canada.
Lipp, M. E. N., & Novaes, L. (2000). O stress. São Paulo: Contexto.
Maslach, C., Schaufeli, W. B., & Leiter, M. P. (2001). Job burnout. Annual review of psychology, 52(1), 397-422.
5. Novas Tecnologias, Gestão e Formação em Psicologia Hospitalar e da Saúde - 5.6 Produção Científica em Psicologia da Saúde e Hospitalar
Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil
Wanny Caroline Teixeira Nunes, Ivone Félix Sousa, Sebastião Benício Costa Neto, Marli Bueno Castro, Juliany Gonçalves Guimarães Aguiar