11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Mulheres com HIV/Aids: O Cuidado em Saúde e a Vivência do Estigma

Resumo

Mesmo com a redução da mortalidade por HIV/Aids, nota-se, ao longo dos anos, uma mudança no perfil epidemiológico da infecção, ocorrendo o fenômeno de feminização da epidemia. Esse processo evidencia a vulnerabilidade da mulher frente aos riscos dessa infecção, que envolve, além de aspectos biológicos, uma notória desigualdade na distribuição de poder entre os gêneros. A assistência em saúde para HIV/Aids é realizada em ambulatórios e hospitais especializados, mas ainda percebe-se concepções errôneas relacionadas à infecção em mulheres, carregadas de preconceito e culpabilização delas. A estigmatização em relação ao HIV/Aids faz parte de um sistema mais amplo de desigualdade e exclusão social que só reforça a discriminação daqueles que estão à parte dos valores culturais aceitos, vistos como transgressores. A representação negativa que as pessoas têm do HIV está enraizada em crenças culturais. Quando isso se soma à questão de gênero, temos um quadro severo de discriminação das mulheres, pois a realidade da maioria ainda é de desvantagem econômica, cultural e social. Baseando-se em tais questões, este estudo tem como objetivo compreender a vivência do estigma no cuidado em saúde recebido por mulheres com o diagnóstico de HIV/AIDS através dos seus discursos. Trata-se de um estudo qualitativo, em que se utilizou a técnica de Grupo Focal, tendo em vista aprofundar a temática principal pela possibilidade de reunir os diferentes atores em um espaço de investigação, propiciando a reflexão frente ao tema estudado. Os grupos foram realizados com treze mulheres em acompanhamento ambulatorial de um hospital de Infectologia na cidade de Fortaleza, Ceará. Após coleta, os dados foram analisados através da Análise de Discurso. Os resultados obtidos estão apresentados em formações discursivas que destacam a condição de assujeitamento das mulheres em função do Outro Social, representado pelo discurso de profissionais da saúde. Na assistência em saúde para HIV/Aids, o enfoque biologicista ainda perdura: há a valorização da doença e do suporte diagnóstico laboratorial em detrimento de aspectos sociais e psicológicos. Propaga-se uma qualidade de vida baseada apenas no uso da medicação prescrita, como condição para o continuum de uma “vida normal”, contribuindo para o ocultamento do verdadeiro estado psicológico do sujeito. Além disso, diante de todo contexto de estigma acarretado pela infecção, frequentemente os profissionais da saúde se deparam com mulheres rejeitadas socialmente e o que se percebe é que o conhecimento específico para esse público é limitado, com práticas ainda embasadas em julgamentos e alicerçadas no senso comum. A influência que o discurso dos profissionais exerce em seus pacientes tem profunda relação com a representação social desses, que os vincula à soberania da ciência, a um lugar de status. É preciso ter clara a ideia de que a infecção por HIV não traz impactos somente no nível biológico, mas também social, econômico e psicológico. Dessa forma, as estratégias de enfrentamento devem abranger não só o tratamento individual, mas também as formas de prevenção, articulada com equipes multiprofissionais e todos os segmentos terapêuticos necessários. O cuidado prestado deve ser comprometido com o respeito às diferenças e livre de preconceitos.

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Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.4 Saúde do Homem e da Mulher

Instituições

Hospital São José de Doenças Infecciosas - Ceará - Brasil

Autores

JAMILLE MARIA RODRIGUES CARVALHO, YASMIN ZALAZAN SANTOS CONCEIÇÃO, MARIANA MENEZES AMARAL