11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE PARA ATUAÇÃO NA MORTE E NO MORRER: HÁ CAMINHOS POSSÍVEIS?

Resumo

A morte tornou-se um tabu para a sociedade atual. Há uma constrição do tema, afastando-o das discussões cotidianas e isolando sua vivência. Assim, a formação dos profissionais de saúde em torno da temática é insuficiente em nível de graduação e perdura nos programas de pós-graduação na modalidade de residência em saúde; interferindo no modo como o cuidado aos pacientes em processo de finitude é realizado. Deste modo, os objetivos desta pesquisa são compreender a percepção do profissional de saúde residente diante da atuação na morte e no morrer, investigar a formação obtida sobre essa temática, refletindo criticamente acerca dos aspectos formativos e do papel das residências nesta questão. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa fundamentada na hermenêutica-fenomenológica. Este método compreende que o desenvolvimento do conhecimento é intersubjetivo e considera as falas dos sujeitos como o texto a ser desvelado. Os dados foram coletados mediante entrevista semiestruturada com 14 profissionais de saúde residentes de diversas categorias profissionais de um hospital infantil vinculado à Secretaria de Saúde do Estado do Ceará que possui programas de residência médica e multiprofissional. As unidades de sentido encontradas a partir da análise das entrevistas condensaram os significados originários da formação para a morte, versando acerca do pouco investimento das graduações e pós-graduações em saúde para o estudo do tema, apontado o quanto o residente não se sente amparado pessoalmente e profissionalmente para lidar com a temática, indicando que as experiências pessoais influem de maneira direta no trato com a morte, mas que a formação profissional tem papel fundamental no modo como essas experiências irão transformar-se em prática de saúde. Além disso, apontaram o sofrimento dos profissionais ao se depararem com situações de morte. Os profissionais de saúde residentes costumeiramente lidam com estas vivências, mas não possuem formação suficiente sobre o tema, haja vista que há uma carência de disciplinas que tratem da temática nos currículos profissionais da área da saúde; ocasionando, por conseguinte, barreiras estruturais e formativas que se colocam frente ao cuidado a pacientes em processo de morte e morrer. As residências em saúde são uma modalidade de pós-graduação latu sensu, utilizando-se da formação em serviço sob supervisão como metodologia do modelo de ensino; ocupam, deste modo, a posição de complementar e fomentar o desenvolvimento de habilidades e competências que vão para além da formação fragmentada e limitada das disciplinas da graduação. Nas falas dos residentes, destacou-se que a atuação da equipe interdisciplinar mostrou-se como um potencializador para a melhoria do cuidado aos pacientes em morte e morrer, demarcando possíveis caminhos no trato com a temática. Dos resultados obtidos, considera-se que os programas de residência em saúde têm basilar importância na tentativa de minimizar as complicações da carência da formação dos profissionais de saúde para com o tema tomando a interdisciplinaridade do fazer em saúde como horizonte; além de apontar para a necessidade de espaços de cuidado para os profissionais; destacando, ademais, que a dimensão ética do cuidado aos pacientes em finitude sobrepôs-se às relações eminentemente técnicas, apontando para uma abertura ética ao outro.

Referências Bibliográficas

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Autores

MARIA JULIANA VIEIRA LIMA, Noeme Moreira de Andrade, Regina Celi Lima Barreto