Título

Atendimento Psicológico no Ambulatório de Quimioterapia: Relato de Experiência na Residência Multiprofissional

Resumo

Introdução: O câncer representa a segunda causa de morte no Brasil, com estimativa de 600 mil novos casos entre 2016/2017, sendo considerado hoje como um problema de saúde pública (INCA, 2016). A Psico-Oncologia compreende-se como uma área da Psicologia da Saúde, e tem como foco o paciente com câncer, seus familiares e profissionais da equipe (VEIT e CARVALHO, 2008). Segundo Caponero e Lage (2008) a quimioterapia é utilizada no tratamento oncológico, e o desenvolvimento e uso de novas drogas quimioterápicas têm resultado no tratamento bem sucedido do câncer. Segundo Peçanha (2008), por acarretar em repercussões tanto físicas, quanto psicológicas, paciente com câncer necessita de uma abordagem que integre diversas áreas do conhecimento, e promovendo assistência na perspectiva do cuidado integral. Dessa forma, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) criou o núcleo de Oncologia, o qual possui caráter multiprofissional e interdisciplinar, com carga horária de 5.760 horas. Objetivos: Descrever sobre a atuação do psicólogo residente no ambulatório de quimioterapia; Compreender o papel deste profissional no tratamento quimioterápico de pacientes com doença oncológica. Método: Relato de experiência sobre a vivência do psicólogo na atuação no ambulatório de quimioterapia desenvolvido a partir de um protocolo de atendimentos, na perspectiva de duas psicólogas residentes multiprofissionais. Resultados: Dentre os variados campos em que o psicólogo residente pode atuar no hospital, encontra-se o ambulatório de quimioterapia. A equipe deste setor é composta por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, que recebem os pacientes em tratamento oncológico atendidos no hospital escola. Devido à complexidade do adoecimento e tratamento dos pacientes e a crescente afirmação do papel do psicólogo como integrante da equipe multiprofissional, tornou-se perceptível o aumento de solicitações para atendimentos psicológicos nos ambulatórios de aplicação de quimioterapia, tanto feitos pela equipe, como também pelos pacientes. A partir desta demanda, uma psicóloga residente desenvolveu um protocolo de atendimentos, que visa atender os pacientes durante a primeira aplicação de quimioterapia, ou que tivessem demanda sinalizada pela equipe. Os atendimentos são realizados na sala de aplicação e, quando necessário, encaminhados para o ambulatório de psicologia do hospital. Discussão: Os pacientes atendidos apresentam demandas tais como ansiedade elevada, medo dos efeitos colaterais, mudanças na autoimagem, dúvidas referentes ao tratamento e sua eficácia, o que pode resultar em perda da qualidade de vida. Intervenções psicoterapêuticas foram realizadas visando minimizar as repercussões emocionais disfuncionais, identificar medos, dúvidas e expectativas do paciente, facilitar a comunicação entre médico/paciente, auxiliar durante as perdas referentes à doença e tratamento, e reforçar recursos de enfrentamento utilizados. Considerações finais: A experiência dos atendimentos na Quimioterapia tornou perceptível o aumento do reconhecimento do papel da psicologia no tratamento oncológico, na perspectiva da equipe e pacientes. Destaca-se também a importância desse campo de atuação durante a formação do psicólogo residente em oncologia, fazendo com que o profissional tenha contato com o paciente em diversas fases do tratamento.

Referências Bibliográficas

CAPONERO, R.; LAGE, L. M. Quimioterapia. In CARVALHO, V. A. et al. (Org.). Temas em psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008. p 155-168.
INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Educação. ABC do câncer : abordagens básicas para o controle do câncer; organização Luiz Claudio Santo Thuler. – 2. ed. rev. e atual.– Rio de Janeiro : Inca, 2012. Disponível em: bvsms.saude.gov.br.bvs.publicacoes. Acesso em: 01 de julho de 2016.
PEÇANHA, D. L. N. Câncer: recursos de enfrentamento na trajetória da doença. In CARVALHO, V. A. et al. (Org.). Temas em psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008. p 209-218.
VEIT, M. T.; CARVALHO, V. A. Psico-oncologia: definições e área de atuação. In CARVALHO, V. A. et al. (Org.). Temas em psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008. p 15-21.