Título

INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR GRUPAL COM PACIENTES EM UM SERVIÇO DE HEMODIÁLISE

Resumo

INTRODUÇÃO: Propomos apresentar possibilidades e desafios de um trabalho interdisciplinar em grupo, com pacientes portadores de Doença Renal Crônica (DRC) durante as sessões de hemodiálise. O projeto é desenvolvido e coordenado por duas psicólogas e uma psicopedagoga, no setor de Hemodiálise do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia- MG. O trabalho nasceu da troca de experiências e discussões de casos clínicos partilhados entre a equipe multiprofissional, sobre a difícil realidade que o paciente DCR enfrenta no seu cotidiano: limitação hídrica, restrições alimentares e psicossociais. OBJETIVO: Propiciar a troca de experiências, por intermédio da criação de um espaço acolhedor, interativo, psicoeducativo e reflexivo, o qual denominamos “Roda de Conversa”, cujo objetivo é promover o autoconhecimento, o bem estar biopsicossocioespiritual e a resignificação do adoecimento e tratamento. METODOLOGIA: Discutiu-se com a equipe a possibilidade de realizar um trabalho em grupo, o que representaria um desafio para o serviço psicológico e psicopedagógico, tendo em vista as limitações do paciente durante a sessão e as peculiaridades dos mesmos quando submetidos à máquina de hemodiálise. Utilizou-se como aporte teórico Pichon-Rivière (1986), Porto (2008) e Zimerman (2000). Os pacientes foram entrevistados através de uma ficha investigatória. Os dados colhidos revelaram temas de interesse que embasaram o desenvolvimento do projeto, tais como: ansiedade, depressão, relações com família, tristeza, raiva, etc. Foram utilizadas técnicas de relaxamento, dinâmicas de grupos, poemas, textos, musicas, jogos, vídeos, dentre outros, para o desenvolvimento dos referidos temas. O trabalho é realizado há mais de dois anos, e ocorre uma vez ao mês, com pacientes adultos durante as sessões de hemodiálise, com duração de uma hora e meia. RESULTADOS: Ao final do primeiro ano do projeto, foi aplicado um questionário de avaliação à equipe e pacientes. Os dados mostraram que a equipe de enfermeiras e técnicos de enfermagem foi unânime 100% quanto aos aspectos positivos apresentados pelo projeto e os pacientes, 97%. A despeito de mudanças percebidas, 93% da equipe afirmaram perceber mudanças e 90% dos pacientes relataram mudanças. Enquanto preferências sobre os temas abordados 32% dos pacientes relataram o tema “Pais” como o mais marcante e a equipe também 43%. O desejo da continuidade do projeto foi apontado por 97% dos pacientes e 100% da equipe. Percebeu-se uma semelhança dos resultados entre pacientes e equipe. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: Em relação às preferências pelos vários temas abordados, verificou-se que o assunto “Pais” trouxe à tona aspectos afetivos relacionados às figuras parentais. A questão “Envelhecimento” suscitou lembranças de experiências vivenciadas positivamente. O tema “Relacionamentos” revelou questões afetivas do desamparo. CONCLUSÕES: A proposta psicoeducativa “Roda de Conversa” tem sido salutar promovendo o compartilhamento e interação, a identificação entre pacientes ampliando sua compreensão sobre si mesmo, o outro e o tratamento. Foi possível constatar isso através de relatos verbais dos mesmos, como: “quando vai ser a próxima roda de conversa” (demonstrando a expectativa quanto a realização do grupo); “a gente fica pensando nas coisas que são faladas aqui, durante a semana inteira” (denotando o exercício reflexivo/afetivo); “a gente aprende muito”(mostrando a construção de conhecimento).

Referências Bibliográficas

PORTO, Olivia. Psicopedagogia hospitalar: intermediando a humanização na saúde. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2008.

ZIMERMAN, David E. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2 ed. Porto Alegre: Artmed , 2000.

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. Teoria do vínculo. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG