Título

Atuação do psicólogo hospitalar no processo de luto: relato de experiência

Resumo

Introdução: A doença grave e a morte são consideradas eventos críticos no ciclo de vida familiar, marcando de maneira significativa a vivência de todos os envolvidos. Considerando o impacto sobre o paciente e seus cuidadores ante a doença grave e potencialmente fatal, o profissional de Psicologia deve ser capaz de oferecer escuta aos familiares, buscar compreender o histórico de experiências de cuidados em saúde e perdas, além de reconhecer a rede social de apoio, identificando inclusive as condições circunstanciais da perda e condições psicológicas do enlutado. O processo de luto, apesar de conter reações de tristeza e pesar esperadas culturalmente, pode envolver diferentes níveis de sofrimento e impacto na vida cotidiana, sendo o acompanhamento especializado potencialmente benéfico em termos de saúde integral. Objetivos: Visando qualificar a assistência prestada a familiares em processo de luto, ampliando ações de acolhimento, orientação e encaminhamento, o serviço de Psicologia do Hospital Ana Nery passou a realizar contatos com familiares após óbito vivenciado em ambiente hospitalar. Buscando-se, neste formato, fortalecer a saúde mental dos sujeitos atendidos, evitando adoecimento relacionados a vivência de um processo de luto complicado. Metodologia: Este contato acontece no período de um mês após o óbito do paciente, pelo profissional de Psicologia que realizou atendimento aos familiares no período de internação hospitalar. Primeiramente acontece o contato telefônico que permite um acolhimento inicial para um posterior agendamento de atendimentos pelo próprio serviço ou encaminhamento para serviços de suporte da rede de saúde. Resultados e discussão: Cerca de dez casos já foram atendidos pelo serviço, e os primeiros resultados encontrados vem sendo satisfatórios. O contato com os familiares retoma os vínculos construídos durante a internação e permite a construção e reconstrução de sentidos sobre o adoecimento, saudade e enfrentamento. Os familiares atendidos tem encontrado espaços para que possam narrar suas experiências de modo a enfatizar o processo de transformação de si a partir das experiências iniciais de enlutamento, em um ambiente seguro e por um profissional de referência. Diante da complexidade do processo o formato dos atendimentos se dá de maneira individualizada, variando entre contatos telefônicos, atendimentos presenciais e encaminhamentos. Conclusão: O ajustamento da família à morte impõe pensar sobre as especificidades da perda, quando comparadas a outras crises da vida familiar, considerando os papeis atribuídos ao ente falecido na dinâmica familiar e o lugar ocupado pelo cuidado. A elaboração emocional da perda é um processo único e variável, conforme o contexto sociocultural da morte, as características da pessoa falecida, os recursos psíquicos e as estratégias utilizadas pela família para o enfrentamento após a perda. Percebeu-se a importância de disponibilizar suporte e orientação individualizada para que as famílias consigam reestruturar papeis a partir dos recursos psíquicos disponíveis, assim como reconhecer a rede de apoio disponível onde possam encontrar auxílio durante todo processo de enfrentamento do luto.

Referências Bibliográficas

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