Dilemas da intervenção psicológica em doenças infectocontagiosas e parasitárias: o que pensam os psicólogos acerca do seu fazer
Introdução: As doenças infectocontagiosas e parasitárias têm mudado sua prevalência e incidência, na medida em que se dão as transformações sócio-demográficas contemporâneas. O psicólogo nesse contexto, para além de dar conta de suas próprias demandas psicossociais de ressignificação de suas crenças pessoais, se instaura como o profissional capaz de dar suporte à tríade paciente, família e equipe no seu continuum saúde-doença e seus diversos aspectos associados. De caráter multifatorial, o tratamento dessas patologias também necessariamente precisa ser interdisciplinar. Nesse sentido, a atuação envolve fatores biopsicossocioespirituais desde os níveis de intervenção primários de prevenção e promoção de saúde até o nível quartenário de intervenção em cuidados paliativos, sendo necessária uma análise crítica acerca da atuação do psicólogo neste cenário. Objetivo: Esse trabalho objetiva analisar qual a percepção de psicólogos que atuam em doenças infectocontagiosas e parasitárias acerca de seu fazer. Metodologia: Foi realizado um estudo qualitativo, visando alcançar as significações particulares atribuídas pelos sujeitos ao fenômeno e seus efeitos na subjetividade, conforme proposto por Cassorla (2004). Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, a partir de eixos de discussão, como proposto por Nunes (2005), com psicólogos que atuam com doenças infectocontagiosas e parasitárias, na cidade de Goiânia - GO. Os achados foram analisados a partir da releitura de Moraes (1999) da análise de conteúdo de Bardin (1991). Resultados: Foram encontradas quatro categorias temáticas: Relação do psicólogo com o seu fazer; Relação com equipe interdisciplinar; Interfaces da atuação junto ao paciente e família; Atravessamento na atuação das especificidades do campo de atuação. Discussão dos Resultados: Percebeu-se uma maior clarificação do fazer psicológico nesse contexto, em especial, quanto as delimitações e potencialidades do próprio campo de atuação, havendo ainda dificuldades de construção e fortalecimento das redes de apoio psicossocial. Considerações Finais: Há uma demanda, cada vez mais atual, de intervenção interdisciplinar nesse contexto. Cabe ao psicólogo compreender o seu fazer, nos seus múltiplos aspectos, para que se instaure como um facilitador da ressignificação dos estigmas e da construção de novos paradigmas teóricos e práticos de uma atuação biopsicossocioespiritual.
ANGERAMI-CAMON,V.A. O doente, a Psicologia e o Hospital, SP.: Pioneira, 1992.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009
CASSORLA, R. (2004), Para a morte ser vista com naturalidade - Universidade Estadual de Campinas
COURA, José Rodrigues. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999
NUNES, M. L. T. (2005). Entrevista como Instrumento de Pesquisa. Em: M. M. K. Macedo & L. K. Carrasco (orgs). (Con) textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. (207-222) São Paulo: Casa do Psicólogo.
TONETTO, A. M., & Gomes, W. B. (2005). Práticas psicológica em hospitais: demandas e intervenções.
3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.1 Atenção Básica, Primária, Secundária e Terciária
Bruna Domingues Dionísio, Bruna Rodrigues Vilela, Marina de Moraes e Prado, Aminny Farias Pereira