Título

“Amar e mudar as coisas”: A prática de uma equipe de Cuidados Paliativos com conferências familiares.

Resumo

O cuidado paliativo pode ser compreendido como um dispositivo de atenção à saúde que visa promover a qualidade de vida de sujeitos com doenças progressivas e incuráveis. Um de seus princípios é considerar o paciente e a família como uma unidade de cuidado. Nesse contexto, a conferência familiar surge como uma importante ferramenta de intervenção. Trata-se de uma reunião planejada entre os profissionais, com o intuito de partilhar informações acerca do adoecimento e prognóstico do paciente e de propiciar um espaço para compartilhar expectativas, dúvidas e angústias. O objetivo deste trabalho é dissertar acerca da prática de conferências familiares nas intervenções com pacientes em Cuidados Paliativos. Busca-se abordar sua importância e de que forma ela acrescenta benefícios aos pacientes e à sua rede de apoio. Trata-se de um estudo descritivo acerca da experiência da equipe de Cuidados Paliativos de um hospital geral na cidade de Fortaleza com a realização de conferências familiares. Neste hospital, a equipe de Cuidados Paliativos é composta por três médicos, uma enfermeira, uma assistente social, uma psicóloga e uma acadêmica de Psicologia. Atua na modalidade consultiva, por meio de solicitação de parecer e acompanhamento em conjunto com a equipe assistencial. Para a realização de conferências familiares, são convidadas pessoas da rede relacional do paciente. Pode-se averiguar se este tem condições de estar presente e deseja participar. É imprescindível a presença de profissionais da equipe assistencial, junto à equipe de Cuidados Paliativos. As indicações para convocar a conferência podem ser: dificuldade de enfrentamento; agravamento do quadro clínico; existência de conflitos familiares ou relacionados à equipe; e famílias com grau de ansiedade importante ou em contextos específicos (lutos próximos, pacientes jovens, etc). Para a realização dessas conferências é necessário marcação prévia e um ambiente que preserve a privacidade. A reunião deve ser iniciada com acolhimento dos familiares e apresentação dos participantes,deixando espaço para que possam expor suas principais preocupações. Apresenta-se o propósito da reunião e é revista a situação clínica do paciente e o conhecimento dos familiares acerca do caso. A partir disso, se estabelece o plano de cuidados proposto. Posteriormente, mantem-se contato com a família para verificar se a reunião conseguiu atingir seus objetivos, avaliando a necessidade de novos encontros. Esta intervenção é realizada na tentativa de resolução das situações mais complexas, e para além da partilha de informações e sentimentos, oferece-se apoio à família. A possibilidade de reunir os familiares pode tornar a comunicação mais clara, facilitando a adesão à proposta dos cuidados paliativos, minimizando o sofrimento vivenciado. Configura-se um investimento que se revela muito proveitoso, tanto para a família quanto para a equipe. Para esse apoio é necessário estabelecer uma aliança terapêutica de confiança, que possibilite uma comunicação efetiva, parte central do tratamento. Diante do exposto, é preciso mobilizar na família estratégias de enfrentamento para que possa ajudar tanto o paciente como a si própria. Para que isto seja possível, a família deve ter acesso a apoio adequado por parte dos profissionais de saúde.

Referências Bibliográficas

BARTOLOMEU, Sandra Martins. Cuidar a família: realização de conferências familiares. 2013. 42 f. Dissertação (Mestrado em Cuidados Paliativos) - Escola superior de saúde Dr. Lopes Dias, Instituto politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco.

DITTERICH, Rafael Gomes; GABARDO, Marilisa Carneiro Leão; MOYSES, Samuel Jorge. As ferramentas de trabalho com famílias utilizadas pelas equipes de saúde da família de Curitiba, PR.Saúde e Sociedade. São Paulo, v.18, n.3, p.515-524, 2009.

HUDSON, Peter, [et al.] - Family meetings in palliative care: Multidisciplinary clinical practice guidelines. BMC Palliative Care. ISSN 1472-684X. 7:1 (2008) 1-12

NETO, Isabel. A conferência familiar como instrumento de apoio à família em cuidados paliativos. Revista Portuguesa de Clínica Geral. Lisboa, v. 19, n. 1, p. 68-74, 2003.