Título

A estruturação do serviço de psicologia no setor de ortopedia de um hospital geral

Resumo

A atuação do psicólogo dentro do hospital geral é recente, os primeiros registros dessa prática datam a partir dos anos 50. Desde então, a Psicologia visa delimitar seu campo de atuação no contexto hospitalar, que frequentemente não é reconhecido, inclusive pelo próprio psicólogo. Em um contexto de saúde que o corpo humano é repartido, o trabalho do psicólogo hospitalar assume especificidades diferentes dependendo de qual setor está inserido. Nas especialidades cirúrgicas, como a Ortopedia, nas quais se observa grande fluxo de pacientes e o atendimento a diferentes patologias, a atuação do psicólogo é mais difícil de ser circunscrita. São raros os estudos científicos que relatam a experiência do psicólogo na clínica ortopédica, bem como instrumentalizam a atuação da Psicologia nesse setor. Este estudo objetivou relatar acerca da estruturação do serviço de Psicologia no setor de Ortopedia de um Hospital Geral do interior de São Paulo. O trabalho foi dividido em três tópicos, “Demandas para atendimento psicológico”; “Estratégias de intervenção” e “Dificuldades encontradas”. A enfermaria de Ortopedia e Traumatologia do hospital alvo desse estudo conta com 45 leitos para internação, a maioria utilizada para a realização de procedimentos cirúrgicos, outros para tratamento de infecção hospitalar decorrentes da cirurgia e uma minoria para a realização de exames que necessitam de internação, como exames para investigação tumoral. Sobre as demandas para atendimento psicológico, na maioria das vezes, o psicólogo era solicitado para o atendimento de pacientes em processo de investigação tumoral ou que já haviam recebido diagnóstico oncológico, apesar de ser a minoria dos casos atendidos no setor. A partir da atuação direta do psicólogo, as contribuições da Psicologia começaram a se estender a outros pacientes, como idosos que sofreram quedas e vivenciavam intensos sintomas depressivos; crianças com má-formação óssea e, principalmente, seus pais que vivenciavam o luto do “filho perfeito”; pacientes que enfrentavam longas internações para tratamento de infecções hospitalares e pacientes que adquiriram limitações na locomoção e alterações na imagem corporal após a vivência de traumas, como acidentes automobilísticos. Diante de demandas variadas, são necessárias estratégias interventivas diversificadas, como técnicas de avaliação dos recursos psíquicos do paciente; intervenções junto á família e equipe; desenvolvimento de projetos de humanização para auxiliar no enfrentamento da internação; auxílio na reabilitação pós-cirurgia, dentre outros. Em todas essas estratégias interventivas, observou-se que é fundamental a escuta ativa, principalmente em uma clínica que o foco é a cirurgia, com poucos espaços nos quais as necessidades afetivas dos pacientes são ouvidas. Dentre as principais dificuldades encontradas, tem-se o próprio encaminhamento dos pacientes para o psicólogo, já que, muitas vezes, as angústias experenciadas por eles passam despercebidas pelos outros profissionais. Em seguida, foram encontradas dificuldades em dialogar com equipe com o intuito de buscar colaboração para o auxílio do paciente no enfrentamento dessas angústias. Na atenção a pacientes hospitalizados que enfrentam peculiaridades na locomoção e alterações na imagem corporal, a estruturação do serviço psicológico necessita ser ainda mais cautelosa, considerando não somente as limitações, mas também as possibilidades desses pacientes.

Referências Bibliográficas

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