Contribuições do grupo de apoio “Interação” para pacientes e familiares em enfermaria pediátrica
Na infância, o impacto da hospitalização tem efeitos ainda mais significativos por incidir em um momento no qual os aspectos cognitivo-afetivos e da personalidade estão em desenvolvimento (Crepaldi, 2006). Os recursos psicológicos dos pais, da criança e a estrutura familiar interagem e podem contribuir para a adaptação da criança à doença (Piccinini & Castro, 2002). Nesse contexto, uma intervenção possível é o grupo de apoio, que se constitui em um meio facilitador para a reflexão e tomada de decisão envolvidos no processo de hospitalização e adoecimento (Klein & Guedes, 2006).
De acordo com Figueiredo (2007), o sentido mais profundo das práticas de recepção é o de propiciar para o indivíduo uma possibilidade de fazer sentido de sua vida ao longo do tempo, implicando em fazer ligações, dar forma aos acontecimentos. O presente trabalho configura-se como um relato de experiência em uma enfermaria de clínica médica pediátrica de um hospital universitário. O grupo de apoio “Interação” possui como objetivos favorecer a expressão de pensamentos e sentimentos de pacientes e familiares, estimular a interação e troca de vivências, e propiciar condições para uma melhor adaptação no hospital. É realizado semanalmente na enfermaria e possui duração de uma hora, sendo conduzido pela psicóloga da Unidade e duas estagiárias de Psicologia. Conta com uma média de sete participantes por grupo, entre pacientes e acompanhantes. Os participantes são estimulados a se apresentarem e,após, é realizada uma dinâmica das palavras, na qual os participantes passam uma bola uns para os outros em um círculo, ao som de músicas. Quando o som pára, quem estiver com a bola sorteia uma palavra e diz o que lhe vem à mente. As palavras são: hospital, doença, saúde, fé, alegria, família, expectativas, saudade, dor e equipe. Posteriormente, o mesmo participante sorteia uma “prenda”, que consiste em cantar uma música, contar uma piada ou fazer uma mímica. Após todos os participantes sortearem uma palavra e uma “prenda”, é realizada a finalização, sendo todos incentivados a comentar sobre a vivência. São trazidas questões acerca do contexto familiar e vínculos afetivos, história de vida, processo de adoecimento e hospitalização e expectativas referentes ao tratamento e à alta. Os participantes sentem-se acolhidos, ressaltando os benefícios do grupo. Percebe-se que ao se escutarem, eles se identificam com as histórias relatas, e se reconhecem como rede de apoio mútuo dentro do contexto hospitalar. Conclui-se que o grupo de apoio realizado favorece a implicação do paciente e familiar no processo de cuidado, estimula um lugar ativo no tratamento, incentiva a comunicação com a equipe, proporciona a interação e o reconhecimento de recursos de enfrentamento, representando um recurso terapêutico importante que contribui para a integralidade na assistência.
FERNANDEZ, M.F.S.S. - Efeito das atividades de contação de histórias em crianças hospitalizadas em um hospital universitário. Monografia de conclusão de curso da Residência Integrada Multiprofissional do Complexo Hupes. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.
CREPALDI, M.L. – Temas em Psicologia Pediátrica. Casa do Psicólogo. São Paulo, 2006.
FIGUEIREDO, L.C. – A metapsicologia do cuidado. Psyche. São Paulo dez. 2007.
KLEIN, M.M.; GUEDES, C.R. – Intervenção psicológica com grupo de acompanhantes de pediatria: relato de experiência. São Paulo, 2006.
PICCININI, C.A. - Implicações da doença orgânica crônica na infância para as relações familiares: algumas questões teóricas. Psicologia: reflexão e crítica. Porto Alegre, 2002.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
Complexo Hospitalar Professor Edgard Santos (UFBA) - Bahia - Brasil
Maria Fernanda Schindler Santana Fernandez, Dielma Castro Soares , Crisllany Amaral Pinheiro, Vania Nora Bustamante Dejo