Título

Possibilidades de atendimento psicológico com pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva diante do não falar

Resumo

A Psicologia abre espaço para que o sujeito possa se expressar de acordo com suas demandas e questões. Com a ampliação das áreas de inserção da Psicologia, a instituição hospitalar se caracteriza como um dos espaços possíveis de intervenção e atuação. Porém, o objetivo do atendimento psicológico no ambiente hospitalar não se caracteriza em levar o paciente ao processo analítico durante a internação ou em momento posterior a sua alta, como aponta Simoneti (2004). Possibilitando um espaço de escuta e permitindo que o paciente se expresse sobre os aspectos que circundam a doença pela qual está acometido, assim como outras questões que emergem durante o período de sua internação. Conforme a piora clínica do paciente critico pode surgir uma restrição de sua comunicação, decorrentes de limitações físicas provocadas pela necessidade de intubação orotraqueal ou traqueostomia. Entende-se que as Unidades de Terapia Intensiva são responsáveis pelo suporte avançado de vida, medidas estas que podem ter como consequência a restrição da vocalização. Dessa forma, esse trabalho tem por objetivo, através de um relato de experiência, discutir a possibilidade do atendimento psicológico com pacientes internados em UTI de um Hospital Escola do Paraná. Sendo assim, os atendimentos psicológicos viabilizaram espaço de expressão das demandas formuladas por cada sujeito, sendo proporcionada escuta diferenciada conforme sua possibilidade de comunicação. Estes atendimentos foram realizados por meio de pranchas de comunicação (alfabeto impresso), escrita e leitura labial. Afirma-se que os atendimentos psicológicos são possíveis, uma vez que, durante a comunicação emergem diferentes formas de expressão em decorrência do espaço de escuta ofertado a estes sujeitos. Assim, torna-se possível o acesso às demandas e questões frente ao processo de internação, pois quando a escuta é ofertada supõe-se a existência de demandas por parte do paciente, como aponta Moretto (2013). Conclui-se que existe a possibilidade de atendimento psicológico com pacientes em comprometimento de comunicação através da fala, porém não existe forma única de realizar o atendimentos à estes pacientes, sendo a mesma construída juntamente com cada sujeito, respeitando as suas limitações, possibilidades e tempo, entendendo também que este momento possibilita o resgate da autonomia que irá ser comprometida devido e durante o processo de internação.

Referências Bibliográficas

MORETTO, M. L. T. O que pode um analista do hospital? São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.
SIMONETI, A. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.