Título

Impacto das ações do psicólogo e da flexibilização de visitas 24hs na incidência de Delirium em uma UTI geral adulto

Resumo

Introdução: A visita flexibilizada na UTI possivelmente está relacionada a benefícios para o paciente e para os familiares. Além de permitir uma maior interação do paciente com seu familiar, isso pode estar relacionado diretamente com a incidência de delirium. Sendo o delirium considerado uma síndrome multifatorial e compreendido como uma perturbação da cognição, consciência, percepção e atenção, que se desenvolve em um curto período de tempo e tende a flutuar no decorrer do dia, faz-se imprescindível a sua avaliação e manejo dos fatores modificáveis. Objetivos: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o impacto das ações do psicólogo e da flexibilização de visitas 24 horas na incidência de delirium em uma UTI geral adulto. Metodologia: Trata-se de um estudo comparativo, desenvolvido em um hospital privado de Joinville-SC, entre março de 2015 a dezembro de 2015 (visita flexibilizada de 6 horas) e março de 2016 a dezembro de 2016 (visita flexibilizada 24 horas). O delirium foi avaliado pelo psicólogo diariamente e como instrumento de avaliação foi utilizada a escala ICDSC (Intensive Care Delirium Screening Checklist), que possibilita avaliar os pacientes com predisposição ao delirium e quadros de delirium. Para a flexibilização de visitas o psicólogo foi responsável por avaliar, orientar e liberar a flexibilização de visita para o familiar que acompanha o paciente. Alguns critérios foram considerados, tais como: postura colaborativa, grau de estabilidade emocional visível e disponibilidade interna para permanecer mais tempo junto ao paciente. Resultados: No período de março/2015 a dezembro/2015 estiveram internados na UTI um total de 322 pacientes. Destes, 227 foram considerados elegíveis para a avaliação do delirium e em 95 pacientes não se aplicavam os critérios da escala. Em 2015 teve um total de 96 ocorrências de predisposição e 70 ocorrências de delirium. No período de março/2016 a dezembro/2016 estiveram internados na UTI um total de 354 pacientes. Destes, 255 foram considerados elegíveis para a avaliação do delirium e em 99 pacientes não se aplicavam os critérios da escala. Em 2016 teve um total de 128 ocorrências de predisposição e 39 ocorrências de delirium. Discussão dos Resultados: Nota-se que após um ano de flexibilização de visitas 24 horas houve uma diminuição da incidência e ocorrência de delirium. Além disso, evidencia-se o papel do psicólogo na constante avaliação e manejo dos fatores modificáveis (luminosidade, privação do sono, contenção mecânica, medicações potencializadoras, etc); no suporte psicológico oferecido aos familiares para a compreensão do processo, contribuindo para a diminuição no nível de ansiedade e potencializando seu papel como agentes facilitadores na transmissão de afeto e dados de realidade durante 24 horas. Conclusões: Todas estas intervenções e a flexibilização da visita mostraram-se fundamentais e contribuíram para a diminuição do índice de delirium. Além de possibilitar o envolvimento da família com o paciente e com a equipe no processo de hospitalização, garantindo a qualidade de vida do paciente e uma assistência humanizada. Sendo assim, a experiência demonstra benefícios significativos aos pacientes, familiares e à equipe, sendo plausível a discussão da implementação de condutas semelhantes em outras instituições hospitalares.

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