Título

Grupos terapêuticos com portadores de hanseníase do ambulatório de dermatologia de um Hospital Universitário com enfoque multidisciplinar- um relato de experiência

Resumo

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de baixa contaminação e curável, que pode levar a deformidades ou incapacidades no doente, caso não ocorra tratamento nas fases iniciais. Além disso, é uma patologia historicamente estigmatizada. No sentido de diminuir a exclusão social de seus portadores, o grupo terapêutico com portadores de hanseníase é um trabalho que visa promover a socialização dos participantes, a desmistificação da doença, o fornecimento de orientações preventivas e a minimização das consequências das deformidades. Também permite uma maior conscientização do tratamento e curso da doença, aquisição de novos hábitos de cuidado pessoal e o aumento da sensação de capacidade dos participantes. O método do trabalho desenvolvido no grupo terapêutico segue quatro etapas, a saber: a) Dinâmica de apresentação, b) Roda de partilha, c) Diálogo informativo, d) Dinâmica de avaliação. A realização do grupo terapêutico com portadores de hanseníase é feita pela psicóloga que dá assistência ao ambulatório da dermatologia em parceria com a enfermeira do ambulatório, o médico /professor de dermatologia e a assistente social do hospital. Em cada etapa do trabalho, um profissional da equipe técnica conduz o grupo terapêutico de forma protagonista, de modo que as intervenções multidisciplinares realizadas ao longo de cada encontro se somam e se complementam, seguindo um roteiro previamente elaborado conjuntamente. A formação do grupo terapêutico foi realizada a partir de uma triagem dos pacientes portadores de hanseníase atendidos pelo ambulatório da dermatologia do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle/UNIRIO situado na cidade do Rio de Janeiro. As sessões têm duração de uma hora e meia com encontro quinzenal e funciona há seis meses, atendendo em média um total de 18 pacientes, de novembro de 2016 à abril de 2017. A escolha da estratégia grupal deu-se por permitir aprofundar temas comuns que afetam os pacientes atendidos, além de favorecer a tomada de consciência da doença, a partilha de experiências subjetivas relativas à história de vida de cada um, a aprendizagem interpessoal de estratégias de convivência com a doença e compartilhar recursos criados para solucionar dificuldades comuns enfrentadas. O grupo terapêutico também possibilita o acesso a informações acerca de seus direitos como portadores de hanseníase, práticas de autocuidado, aspectos históricos da doença, alimentação adequada e outros temas relevantes sobre a convivência com a hanseníase. Observa-se que a conduta terapêutica utilizada nos grupos tem possibilitado uma relativa diminuição das dificuldades interpessoais dos pacientes, sendo possível a criação de vínculos entre os componentes do grupo e um maior esclarecimento em relação aos conceitos de hanseníase e reações hansênicas, transmissão, cura e tratamento. Nota-se melhora nos aspectos relativos ao à autossuperação de dificuldades nos distintos âmbitos da vida, seja ele intrapessoal, familiar ou profissional.

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