Interdisciplinaridade na Atenção Domiciliar e Comunicação de Más Notícias
INTRODUÇÃO: O Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde objetivando a assistência multiprofissional em domicílio aos pacientes com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma Unidade de Saúde ou Hospitalar. O SAD busca a substituição e/ou complementação da internação hospitalar e do atendimento ambulatorial, reduzindo o período de internação, proporcionando a humanização da atenção, a desinstitucionalização e a autonomia dos usuários (Ministério da Saúde, 2013). Os pacientes atendidos pelo programa demandam cuidados por tempo prolongado de seus familiares, o que exige a adesão a uma nova condição de vida de paciente e família, além de um trabalho interdisciplinar e integrado dos profissionais de saúde para manter as informações coerentes, proporcionando a comunicação de notícias de forma acolhedora. Entende-se por más notícias toda informação referente a uma mudança radical e negativa nas perspectivas de futuro do sujeito (Buckman, 1992). Uma má notícia pode se referir à iminência de morte, como também à ocorrência de condições clínicas. Nesses casos, o paciente adquire a condição de familiar adoecido, de modo que este e sua família experienciam continuamente o adoecimento, o que exige a rearticulação da configuração familiar e elaboração da representação psíquica entre seus membros (Barroso & Pires, 2016). OBJETIVO: Apresentar como ocorrem a transmissão e assimilação de más notícias em um Serviço de Atendimento Domiciliar de uma cidade mineira e o papel da equipe interdisciplinar neste contexto. METODOLOGIA: Trabalho realizado a partir do relato de experiência de duas psicólogas residentes que trabalharam no SAD em períodos distintos, onde participaram e atuaram na equipe multiprofissional. Dentre os casos atendidos, o trabalho em questão visa focalizar a interface entre comunicação de más notícias e atenção domiciliar. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O trabalho no SAD possibilita um contato intenso com a significação de cada paciente com o adoecimento prolongado, o que demanda a participação da equipe na transmissão de más notícias, bem como no cuidado e acolhida dos familiares que a recebem. A comunicação de uma má notícia transpassa o momento da comunicação sendo delimitada pelo tempo de assimilação do paciente e familiar, exigindo um trabalho integrado dos profissionais de saúde para a transmissão acolhedora e satisfatória. Neste contexto, foi possível participar da comunicação de más notícias adaptada à singularidade de cada paciente e sua família, além de acompanhar o processo de assimilação, aceitação e enfrentamento do adoecimento e da terminalidade. Através da inserção do psicólogo na equipe foi trabalhado as dificuldades enfrentadas na comunicação e vivências posteriores, com discussões de casos, buscando uma atuação interdisciplinar. CONCLUSÃO: Nota-se a importância de se abordar sobre comunicação no contexto da atenção domiciliar e fortalecê-la também no contexto hospitalar, sensibilizando os profissionais sobre a postura e modos de comunicação, a comunicação verbal e não verbal, bem como o cuidado ao se comunicar, visando uma atuação integral, interdisciplinar e humanizada. Além disso, o trabalho desenvolvido na atenção domiciliar visou fortalecer a importância do profissional psicólogo nesse contexto.
Barroso, C. & Pires, S. (2016). O impacto da má notícia médica na família. Uma visão psicanalítica. Editora Biblioteca24horas: São Paulo, SP, Brasil.
Brasil, Ministério da Saúde (2013). Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde.
Buckman R. (1992). How to break bad news - a guide for health care professionals. [S.l.:s.n.].
2. Universalidade, Equidade e Integralidade em Saúde - 2.2 Interdisciplinaridade na Formação e Atuação Profissional
Samantha Pires Oliveira Freitas Pedrosa, Patrícia Barberá Gallego, Layla Raquel Silva Gomes, Vinícius Pafume de Oliveira