Título

Desmistificando o tema do suicídio com os profissionais de saúde do Hospital Unimed de Nova Friburgo

Resumo

Introdução: O suicídio é um tema causador de forte impacto psicológico e social, além de ser considerado um grave problema de saúde pública. Trata-se de um comportamento complexo, determinado por múltiplos fatores, que vêm desafiando os mais diversos campos do saber no que diz respeito à sua gênese, manejo adequado e tratamento. No que se refere aos dados epidemiológicos, podemos observar que no Brasil houve 11.821 suicídios oficialmente registrados no ano de 2012, o que representa quase 30 mortes por dia, como destaca o Sistema de Informação sobre Mortalidade (MS/SUS/DATASUS, 2017). Uma equipe de saúde atenta e bem treinada deve considerar qualquer tentativa ou intenção, por mais ingênua que se mostre, como fato relevante. Sendo assim, qualquer tentativa, atual ou pregressa, deve servir de alerta para o profissional que está cuidando do paciente. No entanto, o que observamos nas rotinas dos hospitais gerais é um despreparo por parte das equipes no manejo dessas situações, uma vez que o tema é causador de grande desconforto emocional, além de ser visto, ainda nos dias de hoje, como um grande “tabu”. Objetivos: relatar a primeira experiência de adesão à Campanha Internacional de Prevenção ao Suicídio “Setembro Amarelo” do Hospital Unimed de Nova Friburgo; apresentar os recursos utilizados como forma de trabalho com as equipes de saúde; mostrar quais foram as principais reações psicológicas dos participantes. Metodologia: Este projeto foi fruto da iniciativa de duas psicólogas e uma assistente social, que convidaram os profissionais de saúde de diferentes áreas para participarem de uma Roda de Conversa sobre o tema do suicídio ao longo do mês de setembro de 2016. Cada encontro durou cerca de uma hora e teve como pauta a apresentação dos dados epidemiológicos, principais fatores de riscos e formas de prevenção. Foram utilizados alguns recursos audiovisuais e foram entregues um material educativo e uma fita amarela simbolizando a campanha. Contamos com a presença de 60 pessoas que participaram de forma voluntária. Resultados: o tema chamou a atenção dos profissionais de saúde que, mesmo inibidos, se aproximaram do projeto demonstrando interesse. A modalidade de estratégia foi bem aceita pelos participantes, que se sentiram à vontade para se expressarem e revelarem as suas dúvidas, receios e questionamentos acerca do tema. Observou-se ainda, que o assunto despertou um reconhecimento sobre a importância do cuidado com a saúde mental nos próprios participantes e, foram muitos os pedidos de encaminhamento para acompanhamento psicoterápico. No final de cada encontro, os integrantes solicitaram a permanência de um grupo de apoio com novos temas para serem trabalhados, debatidos e esclarecidos. Discussão dos Resultados: a experiência proporcionou maior interação entre os profissionais de diferentes setores do hospital e permitiu que houvesse um momento de reflexão e conscientização sobre o tema do suicídio de forma clara e consistente. Conclusões: projetos como esses são de extrema relevância para o contexto hospitalar, pois, além de oferecer um treinamento sobre temas complexos, propiciam um momento de acolhimento às equipes. Consequentemente, observamos o aumento da qualidade da assistência ao paciente e família na instituição.

Referências Bibliográficas

BOTEGA, N. J. Crise suicida. São Paulo. Artmet, 2015.
BOTEGA, N; RAPELI, C. Tentativa de suicídio. In: BOTEGA, N. Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BRASIL. Sistema de Informações sobre Mortalidade/MS/SUS/DATASUS. Ministério da Saúde. Informações de saúde – estatísticas vitais. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br, acessado em fevereiro de 2017.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Prevenção do Suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, OPAS, UNICAMP, 2006.
_____. Prevenção do Suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, OPAS, UNICAMP, 2009.