11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

AVANÇOS E DESAFIOS NA ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Resumo

Ter um familiar internado em uma UTI remete à iminência da morte gerando sentimentos de medo e angústia (Ferreira e Mendes, 2013). Assim, essa unidade requer a atuação do psicólogo por ser um lugar onde nos deparamos diretamente com as fragilidades humanas. Sebastiani (2002) argumenta que o psicólogo deve trabalhar com a tríade: paciente, sua família e equipe, pois todos estão envolvidos na mesma luta, cada um compondo uma parte nessa delicada situação. Esse trabalho tem como objetivo apresentar os desafios da implantação e atuação do serviço de psicologia em uma UTI adulta de um hospital localizado no Vale do Rio dos Sinos. A inserção da psicologia nesta unidade iniciou em 2012. O olhar inicial que a equipe dirigia às estagiárias de psicologia identificava claramente o desconhecimento do que seria possível fazer num lugar onde o foco era o corpo, a criticidade da patologia, a urgência nos procedimentos e a vigilância constante. Dessa forma, a única possibilidade parecia ser na percepção da equipe, a família dos pacientes que, ao irromper neste espaço, rompia também a aparente tranquilidade e certeza de controle sobre tudo o que ali se passava. Ao longo de dois anos, o trabalho foi se consolidando junto aos familiares através de intervenções junto ao leito, mediando a comunicação entre paciente e familiares, grupos de apoio e psicoeducação a familiares, participação nos boletins médicos a convite do médico responsável, suporte para os momentos de despedidas e apoio nas comunicações médicas dos óbitos. Foi se tornando óbvio para a equipe que, nestes momentos, a psicologia era imprescindível e era acionada com frequência. À medida que os profissionais já contavam com o serviço de psicologia, outras possibilidades de intervenção foram sendo solicitadas e autorizadas, como a presença de familiares por períodos mais longos, a flexibilização no horário de visitas e a entrada de crianças para despedidas, sempre acompanhadas pela psicologia. Nesses momentos, a equipe se protegia, evitando assistir as cenas de despedidas. Quando as crianças iniciaram a incluir a equipe em suas visitas, agradecendo por estarem cuidando de suas mães e pais, os profissionais solicitaram que a psicologia realizasse um “trabalho” com eles. Foram desenvolvidas intervenções em grupo com as equipes de todos os turnos e trabalhados temas relativos às perdas e lutos pessoais de cada um. Muito se avançou ao longo de cinco anos de atuação na UTI, mas novos desafios surgem a cada momento. Percebe-se que, embora tenha sido possível construir nessa unidade rotinas de trabalho mais humanizadas e que a postura dos profissionais esteja muito mais atenta à subjetividade e necessidades do paciente e seus familiares, isso acontece basicamente a partir da presença da Psicologia. Nas palavras do médico responsável, é preciso que as intervenções do serviço sejam continuadas, pois caso contrário “em um ano estaremos fazendo tudo do mesmo jeito que era antes”. Talvez o maior desafio no momento, seja empoderar a equipe para a continuidade das ações.

Referências Bibliográficas

FERREIRA, Priscila Dias e MENDES, Tatiane Nicolau.Família em UTI:: importância do suporte Psicológico diante da iminência de morte. Rev. SBPH [online]. 2013, vol.16, n.1, pp. 88-112. ISSN 1516-0858.
SEBASTIANI, R. W. (2002). Atendimento psicológico no Centro de Terapia Intensiva. In Angerami-Camon, V. A. et al. Psicologia Hospitalar- teoria e pratica. (pp. 29-71). São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG

Autores

Luciana Maria de Oliveira Pires, Katiele Lubianca Sander Nunes, Jéssica Schuster Weizenmann, Andréia Caroline Strack, Carmen Ester Rieth